Sob um discurso de que a fusão será benéfica aos artistas e produtores culturais, os dois disseram que estão abertos ao diálogo para minimizar o impacto das manifestações contrárias à extinção do Ministério da Cultura (MinC), que nos últimos dias têm acontecido em todo o País. "Apesar de alguns verem como algo negativo, insisto que a conjugação das pastas fortalecerá a política cultural. A educação pode facilitar e ampliar as oportunidades de fomento cultural", disse Mendonça, afirmando que irá estabelecer parcerias com escolas de toda a rede pública.
Mendonça e Calero estiveram reunidos com o presidente em exercício, Michel Temer, na tarde desta quarta-feira, 18. O ministro afirmou que "está fora de hipótese" a recriação do MinC, "com todo respeito" às sugestões do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), que tentou convencer Temer de abdicar da fusão.
O ministro afirmou que, de 2015 para 2016, o orçamento para a cultura encolheu em 25% e há um acúmulo de restos a pagar na ordem de 1,5 bilhão. Para ele, essa é uma prova de que, isolado, o MinC "não tem obtido o sucesso desejado por quem faz cultura no Brasil."
Uma das primeiras iniciativas da Secretaria será, de acordo com Calero, quitar dívidas com prestadores de serviços e com artistas e produtores que celebraram contratos com o MinC por meio de editais. Ele relatou que, da reunião com Temer, ficou acertado que a dívida de cerca de R$ 235 milhões será paga em quatro parcelas. "Temos de restabelecer a dignidade dos fazedores de Cultura", disse.
Mendonça afirmou que "não há necessidade de um ministério específico para se promover a cultura", pois "não é a palavra 'ministério' que vai fazer diferença".
Calero utilizou sua formação como diplomata como o principal atributo para promover "a concórdia". Afirmou, também, que um dos seus objetivos é valorizar os servidores de carreira e também minimizou possíveis desvantagens da fusão dos ministérios. "Muitas vezes, não conseguimos identificar a fronteira entre uma coisa e outra", disse. Mendonça complementou que bibliotecas e grupos de teatro em escolas podem ser considerados instrumentos tanto de educação quanto de cultura.
Sobre a Lei Rouanet, Calero disse que há "distorções a serem corrigidas", mas que não se pode "satanizar o principal instrumento de financiamento de cultura". Mendonça reiterou que "está aberto a debates" para rever pontos da lei, caso a comunidade artística não esteja satisfeita.
Para Calero, os atos em favor do MinC têm "absoluta legitimidade" e são "sinal claro da democracia". Não considera que tais manifestantes constituam uma "barreira" à sua gestão. "Mas vamos dialogar com quem quiser dialogar conosco", avisou. "A mobilização é importante pois gera compromissos por parte do poder público". Ele elogiou, por exemplo, a ocupação do Palácio Capanema, no Rio: "Era um lugar asséptico e hoje está vivo."
Calero foi escolhido para o cargo depois de pelo menos quatro mulheres negarem assumir o posto. Mendonça disse que vários altos cargos do MEC, como a secretaria-executiva e a chefia do gabinete, são ocupados por mulheres e que as orientações de Temer "são camisa de força para obrigar a colocar mulheres em todas as atividades relevantes" da pasta. "Estamos buscando gente competente, apenas", disse o ministro..