Afastado há duas semanas da presidência da Câmara por decisão do Supremo Tribunal Federal (STF), Eduardo Cunha (PMDB-RJ), está nesta quinta-feira na Conselho de Ética para tentar defender o seu mandato. O presidente afastado da Câmara teve 25 minutos para falar, mas não usou o prazo determinado, conforme tinha dito antes de começar a defesa. Cunha está sendo processando no Conselho de Ética, com risco de perda do mandato, por suspeita de mentir à CPI da Petrobras ao dizer que não possui contas no exterior. O Ministério Público da Suíça, no entanto, enviou às autoridades brasileiras documentos com contas naquele país em nome de Cunha e de familiares.
O depoimento de Cunha à CPI da Petrobras ocorreu há um ano. O peemedebista é acusado por PSOL e Rede de ter mentido à comissão em 2015 e, por isso, ter quebrado o decoro parlamentar, gerando o processo que está sendo analisado pela comissão.
Cunha chegou por volta das 9h30, acompanhado de seu advogado Marcelo Nobre, e não falou com a imprensa. O deputado está na mesma sala onde compareceu no dia 5 de março do ano passado voluntariamente. Doze meses depois, o deputado suspenso terá de explicar as contas encontradas na Suíça pela Procuradoria Geral da República (PGR), as quais ele afirma serem trustes.
Em 2015, Cunha compareceu à sessão como presidente da Casa e nesta quinta-feira comparece na condição de investigado, sujeito a perder o mandato parlamentar.
O peemedebista depõe no colegiado cercado por aliados e com a promessa de fazer um discurso de confronto direto. O primeiro a marcar presença foi seu aliado Carlos Marun (PMDB-MS). Para comportar a demanda, foi reservada uma sala maior e a sessão de votação no plenário foi cancelada.
A expectativa é que o peemedebista faça um depoimento mais político do que jurídico, negue a titularidade das contas na Suíça e reafirme que os valores encontrados no exterior não são dele, mas de trustes.
Por considerar que os votos no colegiados já estão definidos, o peemedebista não deverá focar na tentativa de convencimento dos pares, mas no ataque aos adversários declarados, como o presidente do colegiado, José Carlos Araújo (PR-BA), e o deputado Júlio Delgado (PSB-MG), que disputou a presidência da Casa com ele no ano passado. "Ele vem para causar", definiu um aliado.
Para retaliar o adversário, o Solidariedade, partido que gravita na órbita de Cunha, entrou com representação contra Delgado ontem. Se a medida chegar ao conselho, Delgado estará automaticamente fora da votação final do processo disciplinar contra Cunha.
O depoimento encerra a fase de instrução processual. Agora, o relator então terá 10 dias úteis para apresentar seu parecer final. A ideia é entregar o parecer ainda neste mês.