A presidente afastada afirmou que pretende recorrer ao Supremo Tribunal Federal (STF) para definir o mérito da ação, mas deve fazê-lo apenas quando sua defesa julgar adequado. Ela também disse esperar que o presidente Ricardo Lewandowski "dê rito mais consistente" ao processo.
Questionada sobre a suspensão da investigação sobre o senador Aécio Neves (PSDB-MG), autorizada pelo ministro Gilmar Mendes, Dilma afirmou julgar "estranha" a suspensão. "Pelo que eu saiba, nenhuma ação teria sido suspensa até então, nenhum ação de pessoas investigadas pela Lava Jato".
A petista pontuou que Mendes é apenas um dos doze integrantes do STF, e que nem todos têm a mesma posição "visivelmente militante" do juiz. "Acho que no Brasil nós não podemos ter dois pesos e duas medidas. Quando se investigar, que se investiguem todos. Ninguém pode ser poupado da investigação", defendeu.
Sobre a possibilidade de que a operação Lava Jato possa ser enterrada depois de sua saída, a presidente afastada afirmou considerar que o risco existe, mas ponderou que a investigação tem muitos atores. "Não acho que seja trivial enterrar a Lava Jato."
Ela questionou, no entanto, a possibilidade do governo não mais indicar o primeiro nome da lista tríplice do Ministério Público para o cargo de procurador-geral da República, uma tradição que teria começado com o presidente Lula e cujo fim foi aventado pelo ministro da Justiça, Alexandre de Moraes esta semana.
Dilma aproveitou para justificar o fato de Cunha ter sido parte de seu governo, afirmando que ele faz parte do PMDB "o qual, desde 1999, constrói a maioria com os governos". Ela afirmou também ter tido atritos com o ex-presidente da Câmara dos Deputados ao longo do segundo governo. "Ele é muito bom de agir nas trevas".
A presidente afastada disse ainda considerar "um absurdo" a mudança da orientação da política externa, principalmente em relação aos países do Mercosul e dos Brics. "Espero que não cometam esse absurdo para com o País", disse..