Além da proposta de revisão da meta fiscal que será enviada ao Congresso naquele dia, Temer e os ministros Henrique Meirelles (Fazenda), Eliseu Padilha (Casa Civil), Romero Jucá (Planejamento) e Geddel Vieira Lima (Secretaria de Governo) farão uma prestação de contas sobre a situação herdada e o atual rombo, que pode ultrapassar R$ 150 bilhões.
A ofensiva de comunicação também tem o objetivo de deixar claros os motivos da mudança na meta e por que sacrifícios precisam ser feitos para ajustar as contas públicas. Embora aliados do governo tenham batizado esse inventário de "herança maldita", Temer prefere não usar esta expressão.
"Não chamamos de herança maldita porque quem falava isso eram eles", afirmou Geddel, numa referência ao termo usado pelo então presidente Luiz Inácio Lula da Silva para citar os problemas deixados pelo antecessor, o tucano Fernando Henrique Cardoso. Questionado sobre as dificuldades que o Palácio do Planalto terá para aprovar medidas amargas no Congresso, diante das brigas entre aliados do Centrão, o ministro tentou jogar água na fervura.
"Esse é um governo de solução, sem intrigas nem futricas. Aqui não tem centrão nem centrinho. Minha tarefa é construir consensos e administrar dissensos", disse à reportagem.
Prazo
A ordem de Temer é para que todos os ministérios façam um levantamento minucioso de dívidas, desvios e do que pode ser cortado em cada pasta. Nem tudo ficará pronto em prazo tão escasso e mais adiante haverá um relatório maior sobre a herança recebida, para fazer um contraponto com Dilma.
Na prática, o grupo do presidente em exercício quer passar a imagem de que o governo vai "falar menos e produzir mais". Dilma, porém, já prepara forte reação e está usando sua página no Facebook para que ministros de seu governo respondam às críticas feitas pela equipe de Temer.
"Temos uma batalha a ser travada no Senado contra o impeachment e vamos defender o mandato da presidenta Dilma até o fim", disse o ex-ministro da Secretaria de Comunicação Social Edinho Silva. "O PT governou o Brasil por 13 anos e formulou políticas públicas que continuam sendo referência não só aqui como no exterior."
O ministro da Educação, Mendonça Filho, afirmou ter encontrado restos a pagar do ano passado de R$ 1,58 bilhão, além de R$ 236 milhões de dívidas vencidas na área de cultura. Henrique Eduardo Alves, do Turismo, disse ter cancelado R$ 16 milhões reservados pelo antecessor Alessandro Teixeira - que ficou apenas 20 dias à frente da pasta - para obras de infraestrutura.
Alves já havia sido titular do Turismo com Dilma, deixando o ministério quando o PMDB rompeu com o Planalto. Ele cancelou também um edital de promoção do tour da tocha olímpica, de R$ 10 milhões, aprovado quando a chama percorria o País havia mais de uma semana. O dinheiro será usado para a campanha de publicidade dos Jogos.