Agora na mira da Polícia Federal, que suspeita que a Odebrecht repassou R$ 3,5 milhões da obra para uma empresa do filho de uma ex-mulher do ex-presidente Lula, Taiguara Rodrigues como propina, o empreendimento é mais um dentre vários outros que mostram a atuação da Odebrecht em países africanos, que cresceu durante os governos do PT com apoio do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).
Entre 2007 e o início de 2015, o banco de fomento destinou à Odebrecht cerca de 70% de todo recurso destinado a obras de empresas brasileiras no exterior. Dos R$ 12 bilhões emprestados pelo banco com essa finalidade, R$ 8,2 bilhões foram para o grupo.
Embora, historicamente, a empresa fundada por Norberto Odebrecht estivesse sempre muito próxima do poder, foi no governo petista que o grupo deu um de seus maiores saltos. Em 2003, quando Lula chegou à presidência, a Odebrecht já era considerada a maior empreiteira do País, com faturamento de R$ 17,3 bilhões. Até 2014, a receita foi multiplicada por seis, para R$ 107,7 bilhões.
África
A empreiteira está em Angola desde 1984, ano em que assinou o contrato para construir a hidrelétrica de Capanda, a maior do país, e é, ainda hoje, uma das maiores empregadoras privadas do país, com cerca de 12 mil funcionários, além de 5 mil subcontratados, segundo seu relatório anual. Em 2014, US$ 1 em cada US$ 10 dólares gastos pelo governo em infraestrutura foi para a Odebrecht.
A obra de expansão de Cambambe é complexa: envolve recuperação da Central 1, que passará a ter potência de 260 MW, e a construção de uma Central 2, com capacidade de 700 MW. Além disso, compreende a elevação da altura da barragem, que ganhará mais 30 m, e um vertedouro lateral que garantirá a segurança da barragem nos períodos de chuva.