Os manifestantes contrários ao impeachment não conseguiram ver nitidamente Serra em sua chegada à embaixada, por volta das 20 horas. Três carros oficiais com vidro escuro entraram no edifício por portões diferentes. Os ativistas se dividiram e arremessaram os papéis contra todos os veículos. Eles chamaram o ministro de golpista e colaram na região cartazes com o rosto dele sobre a inscrição "procurado". "Também não aceitamos o rápido reconhecimento dado pelo governo argentino a Michel Temer", disse uma das organizadoras do ato, a tradutora Isabela Gaia.
Às 21 horas, sob 13ºC, o grupo formado por jovens desligou o megafone com que pedia a destituição de Temer, guardou pandeiros e chocalhos e recolheu as bolinhas do chão, feitas com folhas do jornal Le Monde Diplomatique, em sua versão em espanhol. Elas foram jogadas também contra o muro da embaixada, na qual Serra se hospedará. Os manifestantes se dispersaram sob vigilância de 20 policiais federais e prometeram seguir o ministro com uma mobilização maior nesta segunda-feira, 23.
Serra será recebido de manhã pela chanceler Susana Malcorra, na sede da diplomacia argentina, o Palácio San Martín. Entre as diretrizes da nova política externa, anunciadas em sua posse na semana passada, Serra colocou a relação com a Argentina. Crítico do que considera um entrave do Mercosul a acordos bilaterais com outros países, citou "referência semelhantes, para reorganização da política e da economia" ao referir-se ao governo de Macri, eleito no ano passado por uma coalizão de centro-direita. Serra salientou sua intenção de defender uma política externa despartidarizada. O chanceler brasileiro se encontrará ainda com o ministro da Fazenda, Alfonso Prat-Gay, e fará uma visita de cortesia ao presidente Macri..