De acordo com a PF, a Credencial é uma empresa de fachada, registrada em nome de Eduardo Aparecido de Meira e Flávio Henrique de Oliveira Macedo, que teria sido indicada pelo irmão de Dirceu para receber parte desses valores. Os dois sócios foram presos hoje durante a operação. Também foram alvo de investigação e busca e operação as empresas Polo Tubulares e Confab Tubos e Interoil e dois executivos da Petrobras, um deles deixou o cargo no começo deste ano. Foi revelado apenas o nome de um deles, Demarco Epifânio, que atuava na área de negócios internacionais.
De acordo com os investigadores, a Credencial recebia propinas das empresas que mantinham contratos com a Petrobras e repassada a Dirceu e Luiz Eduardo por meio de “contratos de consultoria ideologicamente falsos” celebrados com a JD Consultoria, empresa que pertence aos dois. Para a PF não há dúvidas sobre o fato de a Credencial ser uma empresa de fachada.
Entre os indícios estão o fato dela, apesar de teoricamente atuar na área de engenharia, não funciona em um galpão e sim na casa de um dos sócios. Ela também nunca registrou a contratação de funcionários, nem direta e nem indiretamente, e todo dinheiro que entrava na conta da empresa era sacado rapidamente na boca do caixa. Outro ponto, de acordo com os delgados, é o fato de ela ter mudado muitos vezes seu objeto social. A Credencial, classificada pela PF como “empresa noteira”, já foi fornecedoras de bens diversos, entre eles perfumaria, até a prestação de serviços de engenharia.
No caso da Interoil, a empresa firmou contratos com a Petrobras e, em seguida, com o escritório de advocacia que, por sua vez, contratou a JD Consultoria por cerca de R$ 1,2 milhão. A Credencial firmou um contrato com a empresa de Dirceu por R$ 670 mil.
O esquema que beneficiou o ex-ministro Dirceu e seu irmão teria recebido esses valores por meio do esquema comandado por Renato Duque, ex-diretor de serviços da Petrobras, e do lobista Júlio Camargo. Duque e o lobista também receberam dinheiro dessa esquema, garantem os investigadores da Lava-Jato.
Para a PF, há indícios de que essas fornecedoras de tubos para a Petrobras, que firmaram contratos na casa dos R$ 5 bilhões com a estatal, teriam pago cerca de R$ 40 milhões em propinas no Brasil e no exterior. Outras empresas não citadas nominalmente na coletiva dada hoje pelos integrantes da Lava-Jato também são investigadas.
Batizada de Vício, a nova fase da operação remete, de acordo com a PF, " à sistemática prática de corrupção por determinados funcionários da estatal e agentes políticos, que aparentam não atuar de outra forma senão através de atos lesivos ao estado". "O termo ainda remete a ideia de que alguns setores do estado precisam passar por um processo de desintoxicação do modo corrupto de contratar, presente na ação de seus representantes..