Brasília - Ao retornar para o Senado, um dia depois de pedir exoneração do ministério do Planejamento, o senador Romero Jucá (PMDB-RR) será alvo, no Conselho de Ética, de processo disciplinar por quebra de decoro parlamentar. O pedido, protocolado nesta terça-feira, 24, pelo senador Telmário Mota (PDT- RR), adversário do peemedebista em Roraima, e o presidente nacional do PDT, Carlos Lupi, acusa o peemedebista de tentar obstruir a investigação da Operação Lava-Jato.
De acordo com o documento protocolado por Telmário e Lupi, no diálogo "verifica-se que, durante toda a conversa divulgada, resta inequívoco o propósito do denunciado de utilizar o governo de Michel Temer para atrapalhar ou impedir as apurações da operação contra os agentes políticos envolvidos". "É clara - sem sombra de dúvidas - a intenção do Senador denunciado de buscar proteção pessoal e se esquivar do alcance das investigações, mediante um grande acordo", diz o texto.
O documento faz uma analogia ao caso de Delcídio Amaral (sem partido-MT), que foi preso e acabou cassado após a divulgação de áudios em que ele foi flagrado articulando para obstruir o trabalho dos investigadores da Lava-Jato. A representação contra Delcídio foi relatada por Telmário Mota.
"Há um claro propósito de que o novo governo, com o vice-presidente Michel Temer, resolva os "problemas" que a "Operação Lava-Jato" acarretou à classe política tradicional no Brasil. Além disso, os áudios demonstram a opinião do senador de que seria necessário afastar a Presidente da República, Dilma Rousseff, para que a sangria da "Operação Lava-Jato" seja estancada", afirma o documento.
Pouco antes de entrar com a representação, Telmário afirmou que considerou, na gravação em que Jucá é pego, uma flagrante tentativa de obstrução da Justiça. "Ele fala que é preciso ter o impeachment para fazer um pacto nacional para paralisar a Operação Lava-Jato. Isso é obstrução da Justiça", disse.
Já como senador, Jucá compareceu à sessão do Congresso para votar a alteração da Meta Fiscal. No plenário, Jucá disse que no diálogo gravado não há nenhuma ação que denote tentativa de barrar a Lava-Jato.
O peemedebista afirmou que solicitou informações ao procurador-geral da República, Rodrigo Janot, para saber se houve algum crime no diálogo gravado. "Falei para o Michel (Temer) que me afastei enquanto a PGR não responder essa questão", disse. "Amanhã me defenderei no plenário do Senado", completou.