O ex-presidente José Sarney prometeu ao ex-presidente da Transpetro, Sérgio Machado, ajuda para que ele não tivesse a investigação na Operação Lava-Jato transferida para a jurisprudência do juiz Sérgio Moro, em Curtiba (PR). Na conversa, gravada por Machado, o ex-presidente afirma que agirá mais que é necessário que não haja a participação de advogados. “Nós temos é que fazer o nosso negócio e ver como é que está teu advogado, até onde eles falando com ele em delação premiada”. Sarney fez questão de ressaltar, por três vezes, que era necessário garantir que tudo fosse feito “sem meter advogado no meio”. A informação foi publicada na tarde desta quarta-feira pelo site do jornal Folha de S. Paulo. Os diálogos foram gravados em março.
Nesta quarta-feira, o Supremo Tribunal Federal (STF) confirmou que Machado fechou um acordo de delação premiada. No trecho da conversa, Sarney teria pensado articular uma conversa entre ele o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), e o senador Romero Jucá (PMDB -RR). O intuito era fazer que o caso de Machado não fosse para Curitiba. “O tempo é a seu favor. Aquele negócio que você disse ontem é muito procedente. Não deixar você voltar para lá [Curtitiba].
Sobre as conversas divulgadas pela Folha de S. Paulo, Sarney afirmou que tem relação de amizade com Sérgio Machado, construída no tempo em que os dois foram colegas de legislatura no Senado e que esse vínculo continuou. O ex-presidente ainda disse que as conversas com o ex-diretor da Transpetro foram marcadas por “solidariedade”. “Nesse sentido, expressei sempre minha solidariedade na esperança de superar as acusações que enfrentava”, disse, lamentando que as conversas tenham se tornado públicas e “ferir outras pessoas”.
Outras gravações divulgadas nesta quarta-feira pelo jornal mostram o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), defendendo alterações na lei que traz as regras para a delação premiada para evitar que presos colaborem com investigações. As declarações foram feitas por Renan a Sérgio Machado. Os dois são investigados pela Polícia Federal por envolvimento nos desvios de recursos da Petrobras. Sérgio Machado, que gravou as conversas, fez acordo de delação com a força-tarefa da Lava-Jato.
Outro que teve trechos da conversa com Sérgio Machado divulgados foi o senador Romero Jucá. O peemebista que ocupava o cargo de ministro do Planejamento foi exonerado depois da publicação dos diálogos. Jucá teria afirmado que teria sido construído um "pacto" em favor do impeachment da presidente afastada Dilma Rousseff (PT) para evitar que as investigações da Operação Lava-Jato.