O ex-presidente José Sarney (PMDB-AP) disse, em conversas gravadas pelo ex-presidente da Transpetro, Sérgio Machado, que uma possível delação premiada da Odebrecht na Operação Lava-Jato seria “uma metralhadora de (calibre) ponto 100”. O peemedebista também deu a entender que a presidente afastada Dilma Rousseff (PT) seria atingida, pois teria feito uma ação “diretamente” com a empreiteira durante a campanha eleitoral.
"Nesse caso, ao que eu sei, o único em que ela (Dilma) está envolvida diretamente é que falou com o pessoal da Odebrecht para dar para campanha do... E responsabilizar aquele (inaudível)", diz um os trechos divulgados na noite desta quarta-feira pelo site do jornal Folha de S.Paulo. Sarney também diz que os casos de corrupção denunciados na Lava-Jato eram de responsabilidade do governo federal. “Esse negócio da Petrobras, só os empresários que vão pagar, os políticos? E o governo que fez isso tudo, hein?", indagou o ex-presidente.
Sérgio Machado diz que o PSDB também sabe que é a próxima bola da vez e indica que ninguém sairá ileso das investigações. “Tá todo mundo se cagando, presidente. Todo mundo se cagando. Então ou a gente age rápido. O erro da presidente foi deixar essa coisa andar. Essa coisa andou muito. Aí vai toda a classe política para o saco”, afirma. Machado chama o procurador-geral da República Rodrigo Janot de “mau caráter” e diz que ele está tentando seduzir seus advogados para que ele fale o que sabe.
Em outro momento, o ex-dirigente da Transpetro diz que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) acabou e Sarney concorda. “O Lula acabou, o Lula coitado deve estar numa depressão”, disse o peemedebista.
Em uma segunda conversa divulgada, Sarney diz que o senado ter acatado a prisão do ex-líder do governo, senador Delcídio do Amaral, foi uma cilada. Segundo ele, a Casa se acovardou. “Não podia (ter aceitado a prisão), a partir dali ele acabou. Aquilo é uma página negra do Senado”. Sérgio Machado concordou e disse que não houve flagrante delito. Sarney emendou: “não tinha nem inquérito”. Em nota, o ex-advogado geral José Eduardo Cardozo disse à Folha que é impossível entender a totalidade das frases de Sarney. Afirmou ainda que a presidente afastada nunca pediu contribuições ilegais de campanha.