Conversas gravadas pelo ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado indicam que o ex-presidente José Sarney (PMDB-AP) ofereceu ajuda para evitar que o caso do dirigente, investigado na Operação Lava-Jato, fosse transferido para a 13ª Vara de Curitiba, sob a condução do juiz Sérgio Moro.
Nos trechos dos diálogos gravados em março e divulgados ontem, Sarney mostra preocupação com uma possível delação premiada de Sérgio Machado. Ele deixou claro que concordava com uma ação para impedir que o caso de Sérgio Machado parasse nas mãos de Moro, mas sem intermédio de advogados. “O tempo é a seu favor. Aquele negócio que você disse ontem é muito procedente. Não deixar você voltar para lá (Curitiba)”, disse o peemedebista. “Nós temos é que conseguir isso (o pedido de Machado) sem meter advogado no meio”, afirmou.
Sarney repetiu a recomendação “sem meter advogado” por três vezes. Na sequência, Sérgio Machado concorda que “advogado não pode participar disso de jeito nenhum” e diz que “advogado é perigoso.
Em outro trecho, Sarney disse que o único caso em que Dilma estaria envolvida diretamente seria uma ação feita em uma campanha eleitoral, mas não conclui qual teria sido ou quando. E diz ainda que os casos de corrupção denunciados na Lava-Jato eram de responsabilidade do governo federal. “Esse negócio da Petrobras, só os empresários que vão pagar, os políticos? E o governo que fez isso tudo, hein?”, indagou o ex-presidente. Sérgio Machado diz que o PSDB também sabe que é a próxima bola da vez e indica que ninguém sairá ileso das investigações.
Em nota, Sarney disse desconhecer o teor das gravações. O ex-presidente disse conhecer Sérgio Machado há muitos anos e ter com ele uma relação de amizade. O ex-presidente afirma ainda que as conversas que manteve com Machado foram marcadas por solidariedade e lamenta que elas tenham se tornado públicas.
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