Prefeito em Minas proíbe servidores de formar grupos para falar de política

Prefeito de Padre Carvalho, no Norte de Minas, veta discussões nas dependências da sede do Executivo, principalmente entre os servidores municipais, sob pena de advertência

Luiz Ribeiro
“Por determinação do senhor prefeito, fica proibido a todos os servidores municipais, durante o seu horário de trabalho ou fora dele, bem como a terceiros, no âmbito da prefeitura e seus diversos setores, formarem grupinhos para discutirem assuntos partidários, ou, de forma isolada, emitirem e expressarem suas opiniões, sob pena de serem advertidos, quando se tratar de servidor, ou convidado a se retirar deste local quando se tratar de terceiros”.  Em tempo de acaloradas discussões políticas no país sobre corrupção e impeachment, essa orientação do prefeito Antenor Santa Rosa (PT) afixada em várias paredes da sede da Prefeitura de Padre Carvalho, município de 6,2 mil habitantes, no Norte de Minas, provocou protesto da oposição e agitou redes sociais.
A justificativa para a medida seria garantir a normalidade do serviço público.

O ex-prefeito José Nilson Bispo de Sá (PSDB), o Nilsinho, adversário do atual chefe do Executivo, considera ultrapassada a proibição de discussão política dentro da prefeitura. “Essa proibiçao virou motivo de chacota na cidade. Estão querendo que o sujeito entre na prefeitura mudo e saia calado. Isso não existe mais. É coisa da idade da pedra”, critica Nilsinho. A moradora Darlúcia de Oliveira também reclama. “Achei uma coisa muito errada.
Nunca vi isso. É uma besteira. Não tem nada a ver o trabalho com a discussão sobre política’, afirma, destacando que o assunto está sendo muito falado na cidade, principalmente em grupos do WhatsApp. “Até o o pessoal do lado dele está contra”, observa. Outro que protesta é o  motorista Rony Sander Damasceno Costa, que trabalha na prefeitura: “Esse comunicado fere totalmente a democracia. É uma coisa muito indelicada. Estão querendo inibir as pessoas de fazerem qualquer tipo de manifestação, querendo calar a população”. Ele também disse que o fato virou ironia na cidade.

Já o servidor municipal Altair Xavier afirma que não vê nada de mais na medida tomada pela prefeitura. “Está havendo um mal-entendido. O prefeito não quer impedir o direito de ninguém se manifestar. Pode ser que no comunicado tenha sido usada alguma palavra indevida, Mas entendo que o objetivo é apenas exigir que no horário de expediente os servidores possam se concentrar no serviço”.

Defesa

A reportagem não conseguiu contato com o prefeito Antenor Santa Rosa, mas a secretária municipal de Administração, Sueli Santa Rosa de Morais, que é filha dele, informou que foi expedido o comunicado proibindo discussão política porque algumas pessoas, incluindo servidores, estavam se juntando no pátio da prefeitura apenas com o intuito de promover debates e prejudicar o andamento do serviço público. “Os funcionários estavam angustiados com esse grupinho, que todos os dias ia para o pátio da prefeitura e ficava lá conversando e discutindo política. Aí, acabavam incomodando aqueles que estavam trabalhando, por isso foi feito o comunicado proibindo esse tipo de coisa”, explicou a secretária.

“As pessoas tem que respeitar o local de trabalho dos outros”, completa Sueli Santa Rosa de Morais.
Ela rebateu a acusação dos adversários de que a administração municipal estaria impedindo as pessoas de expressarem posicionamento político. “Não tem nada disso. São pessoas contra a administração que estão espalhando isso. O comunicado se restringe aos servidores e, segundo ela, está bem claro, “em negrito”, que é no âmbito da prefeitura, no horário de trabalho. Fora da prefeitura, as pessoas podem falar o que quiserem”, declarou Sueli..