Apesar da tensão criada pelas novas revelações do processo de delação do ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado, envolvendo o atual ministro da Transparência, Fiscalização e Controle, Fabiano Silveira, o governo interino busca uma saída para mantê-lo no cargo. A situação de Silveira, porém, ainda está sendo discutida. No domingo, ele se reuniu, à noite, com o presidente em exercício Michel Temer.
No encontro, porém, o peso do vazamento foi minimizado, em comparação com o áudio que derrubou o senador Romero Jucá (PMDB-RR) do Ministério do Planejamento. Além disso, foi levado em conta o fato de Fabiano estar presente na casa do presidente do Senado como "técnico", até mesmo pelo tratamento dispensado aos presentes, principalmente a Renan. Fabiano é servidor do Senado e foi indicado para o CNJ por Renan.
Segundo a reportagem, Machado disse aos procuradores que "foi à casa de Renan para conversar sobre as providências" que ele estava pensando sobre a Lava Jato e afirmou que Silveira e outro advogado, Bruno Mendes, estiveram no encontro.
Ainda no domingo, Fabiano Silveira enviou nota em que negou interferência na Lava Jato e afirmou ter passado "de passagem" na residência do Senado, sem saber da presença de Sérgio Machado. Ele negou relação com Machado e disse que esteve "involuntariamente" e em "conversa informal".
Casa Civil
O presidente em exercício, Michel Temer, está reunido desde o final da manhã desta segunda-feira com o ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha, no Palácio do Planalto, para um parecer da situação do ministro da Transparência, Fiscalização e Controle, Fabiano Silveira. A avaliação de interlocutores do presidente é que ainda "é preciso esperar o desenrolar dos fatos" para que se tome uma decisão.
Segundo fontes, após o encontro na noite de ontem, Silveira teria saído de lá convencido de que Temer lhe daria mais um voto de confiança.
No Palácio do Planalto, o clima é de apreensão e espera. "O assunto dominante é esse, vamos de novo começar a semana no improviso", disse outro assessor palaciano.
Essa é a segunda semana seguida que o governo Temer começa tendo que resolver problemas relacionados ao alto escalão. Na segunda-feira passada, após o então ministro do Planejamento, Romero Jucá, ser flagrado em áudios com Machado falando em "estancar a sangria" na Lava Jato, Temer teve a primeira baixa em sua equipe. Jucá ficou apenas 12 dias no cargo e pediu licença do Planejamento para esclarecer os fatos.