O ex-deputado federal, ex-presidente do PSDB mineiro e ex-secretário de Ciência e Tecnologia de Minas Gerais na gestão de Antônio Anastasia, Nárcio Rodrigues, e outros quatro presos na Operação Aqualis, passarão a noite desta segunda-feira e os próximos dias na Penitenciária Nelson Hungria, em Contagem, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, de acordo com o Ministério Público de Minas Gerais. Ainda de acordo com o MP, as fraudes investigadas na operação deflagrada hoje somam mais de R$ 14 milhões de reais, com aponta levantamento da Controladoria-Geral do Estado (CGE) e deveriam ser destinados a construção e a projetos da “Cidade das Águas”, desenvolvida em Frutal pela Fundação Hidroex, vinculada à Secretaria de Estado de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior do Estado de Minas Gerais. As investigações apuram os crimes de peculato, corrupção ativa e passiva, fraude a licitações, lavagem de dinheiro e organização criminosa. Ainda estão foragidos outros investigados, mas não tiveram a identidade revelada.
Além do tucano, foram presos hoje Neif Chala ,ex-servidor da Secretaria de Estado de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior; Alexandre Pereira Horta, engenheiro do Departamento de Obras Públicas de Minas Gerais; Luciano Lourenço dos Reis, funcionário da CWP Engenharia Ltda; Maurílio Reis Bretas, sócio-administrador da CWP Engenharia Ltda e o português Hugo Alexandre Timóteo Murcho, diretor no Brasil da multinacional portuguesa Yser e da empresa Biotev Biotecnologia Vegetal ltda. Já Bernardo Ernesto Simões Moniz da Maia, presidente do grupo econômico português, que também teve o pedido de prisão temporária expedido, está foragido.
Foram necessários 84 sacos lacrados para armazenar todo o material apreendido nos 27 mandados de busca e apreensão cumpridos em BH, Frutal, Uberaba, Conselheiro Lafaiete e São João Del Rei e, ainda, em São Paulo. Foram recolhidos documento, computadores, aparelhos celulares, além de mídias digitais.
Em entrevista ao Jornal O Tempo ao chegar ao Instituto Médico Legal (IML), Nárcio afirmou que não havia sido informado do motivo da prisão e condicionou a ação contra ele à “crise política”.
A operação desta segunda-feira investiga desvios de recursos na construção do complexo batizado de Hidroex, instalado em Frutal. No fim de abril, uma auditoria da Controladoria Geral do Estado (CGE) concluiu que houve um dano de R$ 18 milhões aos cofres públicos na obra do Hidroex. Foi analisada uma mostra de R$ 37,7 milhões do projeto, que equivale a 16% do total.
A Fundação Centro Internacional de Educação, Capacitação e Pesquisa Aplicada em Água (Hidroex) foi criada na gestão do então secretário de Ciência e Tecnologia Nárcio Rodrigues, em 2007. Para as obras iniciadas em março de 2012 foram licitadas empreiteiras ao custo de R$ 200 milhões. Até hoje o conjunto de prédios está inconcluso. As obras foram paralisadas em setembro de 2014 e retomadas há dois meses.
Mais cedo, também por nota, o presidente estadual do PSDB, deputado federal Domingos Sávio, disse que espera que Nárcio consiga provar a inocência. “Eu não me precipito em julgar e nem em fazer defesa. Torço para que ele tenha condição de provar sua inocência”, disse.