Um pedido já havia sido negado pela Justiça de São Paulo por considerar que o acordo de delação é sigiloso e está sob a tutela da Procuradoria-Geral de Justiça. "Esses argumentos servem para assegurar o sigilo dos atos de colaboração em relação a terceiros, mas não se aplicam ao delatado", afirmou Mendes.
O ministro anotou que para ter acesso basta que o requerente tenha sido acusado de crime na delação. O acesso, no entanto, não pode ser referente à diligência em andamento.
Marcel Julio relatou em sua delação encontros com Capez e afirma que o tucano exigiu dinheiro porque sua campanha eleitoral estava "sofrendo". O delator disse que, em 2014, esteve três vezes no escritório do político. A primeira apenas com o assessor do tucano, Luiz Carlos Gutierrez, o Licá, para quem teria entregado documentos. Depois, duas vezes com Capez.
A Alba Branca investiga um esquema de fraudes em licitações da merenda escolar em São Paulo. Segundo o Ministério Público, a Cooperativa Orgânica Agrícola Familiar (Coaf), se infiltrou em pelo menos 22 prefeituras e mirava em contratos também da Secretaria da Educação do governo Geraldo Alckmin (PSDB).
Segundo as investigações, a Coaf teria assinado pelo menos R$ 7 milhões entre 2014 e 2015 para o fornecimento de alimentos e suco para a merenda. Parte desse valor teria sido usado no pagamento de intermediários e agentes públicos que atuavam para facilitar ou fraudar as licitações para beneficiar a cooperativa.
Capez afirma que não recebeu propinas do esquema descoberto na Operação Alba Branca. O argumento central do parlamentar, ao rechaçar a denúncia do lobista, é que o contrato da Secretaria da Educação citado é de 2015. Ou seja, na avaliação do deputado, não faz sentido a versão de que teria recebido propina para sua campanha no ano anterior ao do fechamento do contrato da merenda.