Sob pressão da base eleitoral e dando sinais de que poderia votar contra o peemedebista, Erivelton deixou o colegiado no dia 18 de maio. Ele alegou que ao trocar o PSC pelo PEN não se sentia mais "confortável" em permanecer numa vaga de seu antigo partido. O PSC acabou não indicando um substituto e deixou espaço para a bancada do PMDB indicar o novo titular.
O presidente do colegiado, José Carlos Araújo (PR-BA), anunciou que está disposto a dedicar toda a sessão desta tarde para a leitura do parecer do relator Marcos Rogério (DEM-RO). Se a leitura for interrompida pelo início da ordem do dia, Araújo disse que retomará os trabalhos ainda hoje, assim que for concluída a votação no plenário. O objetivo é não atrasar o processo e votar o pedido de cassação de Cunha na próxima semana. "Quero acabar a leitura do relatório hoje", declarou.
Araújo foi notificado na terça-feira, 31, sobre cinco denúncias contra ele em trâmite na Corregedoria da Câmara.
Ao término do prazo, a Corregedoria da Casa formulará um parecer pela continuidade ou não da representação. Caberá à Mesa Diretora - comandada em sua maioria por aliados de Cunha - decidir se o caso será encaminhado ao Conselho de Ética. Se as representações forem encaminhadas e instauradas no conselho, Araújo é automaticamente afastado do colegiado. A ação foi vista por Araújo como uma manobra para tirá-lo da votação do caso Cunha.
Consulta
Na terça-feira, o presidente interino da Câmara Waldir Maranhão (PP-MA), encaminhou uma consulta à Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) que pode mudar o rito de votação do processo disciplinar no plenário. A consulta original é de autoria de um membro da "tropa de choque" de Cunha, o deputado Wellington Roberto (PR-PB). Logo que chegou à comissão, outro aliado de Cunha, o deputado Arthur Lira (PP-AL), pediu para relatar a consulta.
Minutos antes do início da sessão da comissão nesta manhã, coordenadores de bancadas se reuniram com o presidente da CCJ, deputado Osmar Serraglio (PMDB-PR), para pedir que a consulta não entrasse na pauta de hoje. Sob pressão, Serraglio decidiu não incluir o tema nas discussões desta semana e avisou que assim que o parecer de Lira ficar pronto, vai esperar 24 horas para incluí-lo na pauta. Assim, a consulta só poderá ser apreciada a partir da próxima semana.
A consulta que pode livrar Cunha da cassação se baseia em quatro perguntas: se deve ser votado em plenário um projeto de resolução (sujeito a receber emendas e assim sofrer alteração no plenário) ou parecer (do relator, sem possibilidade de mudanças); se é possível fazer emendas em plenário (alterando o que veio do conselho); se essas emendas podem prejudicar o representado; e se no caso de rejeição pelo plenário do projeto de resolução, é preciso deliberar sobre a proposta original da representação ou se ela é considerada prejudicada. A representação do PSOL e da Rede pede originalmente a cassação do peemedebista.
Devido às novas manobras, o presidente do conselho pediu audiências com o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, e o ministro do Supremo Tribunal Federal, Teori Zavascki, relator da Operação Lava Jato, para denunciar os últimos acontecimentos..