O problema é que o entrevistador será o jornalista Luiz Nassiff, que teve o seu contrato com a EBC, de R$ 761,58 mil por ano, suspenso por Laerte Rímoli, que havia sido nomeado pelo presidente em exercício, Michel Temer, para comandar a estatal, mas acabou afastado pelo ministro Dias Toffoli, do STF, na última quinta-feira.
Para o Palácio do Planalto, a decisão de Ricardo Melo de autorizar a realização da entrevista por Nassif com Dilma deixará claro ao plenário do Supremo, quando for analisar a liminar, o propósito da "administração petista de usar a TV pública como palanque da presidente afastada".
Ricardo Melo foi nomeado uma semana antes de Dilma ser afastada pelo Senado e empossado dois dias antes de ela deixar o Planalto, para um mandato de quatro anos.
Na presidência da EBC, Rímoli suspendeu vários dos contratos assinados este ano, aí incluindo o de Luiz Nassiff, que apresentava o programa semanal "Brasilianas". Todos os contratos estão suspensos por 120 dias, para avaliação. Apesar de a EBC ter fechado o ano de 2015 com déficit de R$ 69 milhões e de ter havido queixas no Conselho administrativo pelos altos gastos com novos contratos, a direção da empresa assinou outros que somaram mais de R$ 25 milhões este ano.
Também foram suspensos pelo novo diretor indicado por Temer os contratos de Sydney Resende, orçado em R$ 1,1 milhão ano, que incluem nele contratação de outros três funcionários, o de Paulo Markum, de R$ 575 mil/ano e o de Paulo Moreira Leite, de R$ 520 mil/ano, entre outros. Também está sendo realizada uma auditoria interna sobre os contratos de transmissão de jogos de futebol das séries C e D, de R$ 2,88 milhões, e outros campeonatos de R$ 17,8 milhões.
A administração Ricardo Melo explicou que Nassif virá a Brasília para fazer a entrevista com Dilma como "colaborador eventual" da EBC, já que o seu contrato está suspenso. Não há decisão, no entanto, de quando a entrevista vai ao ar. A nova gestão informou ainda que o fato de Nassif vir fazer a entrevista não representa nenhum descumprimento à suspensão do contrato e que os atos assinados durante a gestão de Rímoli só serão revisados a partir de segunda-feira.