Dutra foi presidente da Petrobras (2003-2005) no primeiro mandato do petista e exerceu mandato de senador pelo PT entre 1995 e 2003.
"Em 2009, foi instalada no Congresso Nacional uma CPI sobre a Petrobras", relatou Cerveró, no dia 7 de dezembro de 2015. "Na época, José Eduardo Dutra era o presidente da BR Distribuidora. Em razão da CPI, o presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva atribuiu a José Eduardo Dutra a missão de participar do 'esvaziamento' da CPI da Petrobras."
"Que, então, para cumprir essa missão, José Eduardo Dutra deixou a presidência da BR Distribuidora", diz o termo de declaração de Cerveró. Segundo o delator, Dutra, embora não fosse mais senador, "era muito bem conceituado como político, tendo facilidade de diálogo, inclusive com a oposição".
Outro delator da Lava Jato, o engenheiro Paulo Roberto Costa, ex-diretor de Abastecimento da Petrobras, revelou aos investigadores que mandou pagar R$ 10 milhões a um dos integrantes da CPI, o ex-senador Sérgio Guerra (PSDB-PE), morto em 2014. A comissão foi encerrada em 18 de dezembro de 2009. Guerra era um dos 11 integrantes do colegiado - três eram da oposição e acusaram, na ocasião, o governo de impedir as apurações.
Ao ser instalada, a CPI mirava em sete empreendimentos da Petrobras, entre eles as obras da refinaria de Abreu e Lima, em Pernambuco - primeiro alvo da Lava Jato na Petrobras.
A revelação de Cerveró sobre o suposto empenho de Lula em "esvaziar" a CPI da Petrobras está no Termo de Colaboração 11/12, que aborda o tema "Indicação para a Diretoria da BR Distribuidora e distribuição de atividades na BR Distribuidora".
Nesse trecho da delação de Cerveró, os investigadores registram que, em 2008, o executivo foi exonerado da Diretoria Internacional da Petrobras, mas, em razão de Cerveró ter viabilizado a contratação da Schahin como operadora da sonda Vitória 10.000 - quando ainda ocupava aquele posto -, "havia um sentimento de gratidão do Partido dos Trabalhadores para com o declarante".
Empréstimo
Cerveró apontou detalhes desse capítulo emblemático do PT, alvo de uma das etapas da Lava Jato - o empréstimo de R$ 12 milhões que o pecuarista José Carlos Bumlai, amigo de Lula, tomou no banco Schahin, em outubro de 2004.
"Essa contratação objetivava a quitação de um empréstimo do PT, perante o banco Schahin, garantido por José Carlos Bumlai", diz o termo de declaração de Cerveró. "Como reconhecimento da ajuda do declarante nessa situação, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva decidiu indicar o declarante para uma diretoria da BR, a Diretoria Financeira e de Serviços."
O Estado procurou o Instituto Lula, mas até a conclusão desta edição não obteve resposta. As informações são do jornal
O Estado de S. Paulo..