"Não se pode criar no Brasil um estado policialesco, nem tampouco pedir prisão de quem quer que seja por emitir opinião sobre qualquer assunto. Opinião não é obstruir a Justiça", declarou o líder do PSDB, Cássio Cunha Lima (PB), que faz parte da base do governo Temer.
O tucano disse ainda que "investigação não é sinônimo de condenação, e a sociedade precisa aprender a conviver com essa realidade". "O constrangimento (na Casa) existe, isso é inegável, mas não podemos confundir a abertura de um inquérito com uma ação penal. Há uma tentativa de colocar todos no mesmo patamar."
Cunha Lima não vê nos diálogos entre Renan e o ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado nenhum ato concreto de obstrução da Justiça e seria preciso apresentar outros fatos para justificar o pedido de prisão. A declaração é muito semelhante à própria nota que Renan divulgou em sua defesa.
Também na base do governo, o líder do Democratas, Ronaldo Caiado (DEM-GO), afirmou que o assunto é grave, mas também defendeu que é preciso aguardar a decisão do STF.
Na oposição, o líder do PT, Humberto Costa (PE), também defendeu que é preciso agir com cautela e que, apesar do pedido da PGR ter base constitucional, a decisão final cabe ao STF. "Vai depender da decisão do Supremo. O STF pode considerar que não há razão, ou que o pedido não é consistente e, dependendo dessas razões, pode não haver impedimento de que ele continue a presidir o Senado", disse Costa.
Humberto Costa acredita que o próprio Renan Calheiros deve reunir os líderes do Senado para fazer uma "reflexão" sobre o assunto.
O líder do PPS, Cristovam Buarque (DF), considerou a situação grave, mas também condicionou o afastamento de Renan da presidência do Senado à decisão do Supremo. Ele ponderou, entretanto, que caso o STF demore a apreciar a questão, Renan perde condições de presidir o Senado. Cristovam alega que o fato de o estilo de Renan ser muito voltado para a "conversa", isso traz um cuidado diferente por parte dos demais senadores, que pode ser interpretado como "proteção" ou "blindagem".
Interino
O vice-presidente do Senado, Jorge Viana (PT-AC), que deve assumir a presidência interinamente caso Renan venha a ser a afastado, evitou comentar o pedido de prisão.
O senador petista também disse que é preciso aguardar o STF, mas nos bastidores teria dito que não acredita que as gravações em que Renan é flagrado são suficientes para pedir sua prisão.
A senadora Ana Amélia (PP-RS), que foi cotada para assumir a liderança do governo, foi uma das poucas senadoras a se posicionarem de maneira rígida sobre o assunto. Apesar de não dizer claramente que Renan deva ser afastado, a senadora disse que o pedido de prisão é "trágico e inusitado" e que o caso é "tão grave quanto o processo de impeachment de Dilma (Rousseff)"..