Nova York, 07 - A presidente afastada Dilma Rousseff classificou seus opositores como "parasitas", afirmou ter esperança em sua volta ao comando do Brasil e disse que nunca imaginou que fosse ver um governo tão conservador como o de Michel Temer em uma entrevista ao The New York Times publicada na página do jornal norte-americano na internet nesta terça-feira, 7.
A presidente afastada, destaca a reportagem do Times, espera que os recentes episódios que marcaram o início do governo de Temer, incluindo a saída de dois ministros, possam fazer os senadores mudarem de ideia sobre o voto para afastá-la definitivamente. A entrevista foi feita antes de a imprensa noticiar o pedido de prisão ao Supremo Tribunal Federal (STF) de caciques do PMDB.
Ao mesmo tempo em que o presidente em exercício Michel Temer sofre "tropeços embaraçosos", o jornal destaca que Dilma também vem sendo alvo de acusações pesadas nos últimos dias. A reportagem cita a delação do ex-diretor da Petrobras Nestor Cerveró, que contou que a presidente afastada mentiu ao falar que não sabia sobre as irregularidades na empresa, além da informação publicada pela revista IstoÉ de que o empresário Marcelo Odebrecht informou o pagamento de R$ 12 milhões para a campanha de reeleição da petista. Dilma negou as duas acusações na entrevista ao jornal, afirmando que fazem parte de uma campanha caluniosa de parte da mídia para ferir sua "honra pessoal".
O NY Times destaca que Dilma tem passado os dias preparando sua defesa no processo de impeachment. Ela voltou a afirmar ao jornal norte-americano que não vai renunciar. "Eles sempre quiseram que eu renunciasse, mas eu não vou", disse ela. "Eu realmente perturbo os parasitas e vou continuar a perturbá-los", afirmou.
Sobre a crítica de que suas políticas levaram o Brasil a mergulhar em uma forte recessão, Dilma respondeu ao Times que a situação já estaria melhorando caso o Congresso tivesse aprovado as medidas necessárias para restaurar a confiança de consumidores e investidores.
O correspondente do jornal no Brasil, Simon Romero, descreve o clima como de "indignação" e uma sensação de falta de poder, diferente do que se deveria esperar em um país prestes a sediar as Olimpíadas. O texto ressalta ainda que a presidente afastada é cercada por luxo, um batalhão de empregados, piscina aquecida em um jardim bem cuidado e obras de Di Cavalcanti e Alfredo Volpi penduradas na parede.