O relator Marcos Rogério (DEM-RO) explicou que o regimento prevê o pedido de prazo para analisar um voto em separado e cabe a ele decidir se aceita ou não a sugestão apresentada hoje pelo deputado João Carlos Bacelar (PR-BA). "Posso concordar ou não", ressaltou. Bacelar reconheceu que o deputado afastado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) quebrou o decoro parlamentar e sugeriu a suspensão do mandato por três meses.
Parlamentares que defendem a cassação do deputado afastado usaram a manobra para ganhar tempo e analisar o cenário diante da indefinição da deputada Tia Eron (PRB-BA). A deputada não apareceu na sessão desta terça-feira, mas enviou seus assessores para acompanhar os trabalhos.
Os assessores diziam aos parlamentares que ela apareceria para votar, mas só no final. "Poderíamos esperar a Eron chegar, mas se ela não chega?", ponderou o deputado Júlio Delgado (PSB-MG), lembrando que Marun foi o primeiro suplente a marcar presença e teria validado seu voto em favor de Cunha. Delgado acredita que Tia Eron não veio à reunião porque não queria se expor e se sentir mais pressionada. "Se ia votar favorável, por quê não veio mais cedo?", questionou.
Durante toda a sessão, deputados acusaram o Palácio do Planalto de interferir diretamente para salvar Cunha e pressionar a deputada baiana.
O presidente do conselho, José Carlos Araújo (PR-BA), disse estar seguro de que o Planalto agiu para pressionar a deputada. "Você tem dúvida disso? Ela está na cidade e não aparece?", afirmou.
O grupo favorável à cassação de Cunha deixou o conselho comemorando o prazo de um dia ganho para traçar uma estratégia de votação para amanhã, 8. Os deputados acreditam que até amanhã a informação do pedido de prisão de caciques peemedebistas - entre eles, Cunha - pode se concretizar, aumentando a pressão pela cassação do presidente afastado da Câmara. Além de Cunha, o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, pediu a prisão do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), do senador Romero Jucá (PMDB-RR) e do ex-presidente José Sarney (PMDB-AP).
"Cada um tem que arcar com seus votos. Como que vai dizer a sua família, aos seus eleitores. Estou com a consciência tranquila", disse Araújo ao defender a manobrar que adiou por um dia a votação do parecer que pede a perda do mandato de Cunha..