Dilma cometeu 'uma fraude democrática', diz procurador em comissão do impeachment

Estado de Minas

Brasília – O procurador do Ministério Público junto ao Tribunal de Contas da União (TCU), Júlio Marcelo de Oliveira – uma das testemunhas indicadas pela acusação ouvida na comissão especial do impeachment no Senado –, afirmou ontem “não ter dúvidas” de que há uma relação direta entre a maquiagem nas contas públicas e a crise econômica no país.

Responsável pelas representações que levaram o TCU a condenar as pedaladas fiscais e a edição de decretos irregulares, Júlio considera que esses artifícios implicaram o aumento da dívida pública e na perda de confiança.

“Danos aos alicerces da economia brasileira que podem levar anos para serem recuperados”, disse. Para o procurador, Dilma cometeu uma “fraude democrática”, realizando feitos que não conseguiria manter com a arrecadação do período.

Depois de Júlio, os senadores ouviram o auditor do Tribunal de Contas Antonio Carlos Costa d’Ávila Carvalho, também indicado pelos autores da denúncia, os juristas Miguel Reale Jr., Janaína Paschoal e Hélio Bicudo. Até o fechamento desta edição, não haviam sido questionadas testemunhas indicadas pelos integrantes do colegiado.

Antes do depoimento, numa reunião bastante conturbada, aliados da presidente Dilma Rousseff tentaram aprovar na comissão especial do impeachment, pedido de perícia técnica para analisar os decretos suplementares sem autorização do Congresso e as chamadas pedaladas fiscais. O colegiado, formado em grande parte por senadores que defendem o impedimento da presidente, derrubou a proposta. O ex-ministro da Justiça José Eduardo Cardozo, responsável pela defesa da petista, avisou que vai recorrer.

Dilma encaminhou uma lista com 32 testemunhas para serem ouvidas na comissão especial. São oito para cada um dos quatro decretos suplementares, publicados sem autorização legislativa, que vão ser analisados pelo colegiado.

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