De acordo com o delator, Pedro Paulo de Leoni Ramos, o ex-ministro de Collor, negociou em nome do senador o pagamento de propina com a OAS e a PRS, as duas empreiteiras responsáveis pela obra. Cerveró, no entanto, não soube precisar o valor acordado, mas disse que foi solicitado por Pedro Paulo a ser uma espécie de intermediário na negociação dos pagamentos indevidos.
A OAS, de Léo Pinheiro, foi responsável por 60% da obra; a PRS, do empresário Paulo Roberto de Oliveira, por 40%. A última empreiteira entrou no consórcio depois que Oliveira procurou Cerveró interessado em aproveitar a valorização do escritório da BR na Bahia. Ele propôs uma permuta imobiliária para ficar com o prédio antigo da empresa e construir um novo. O acordo garantiu propina equivalente a R$ 500 mil ao delator e outros R$ 500 mil a outro diretor da estatal, Vilson Reichenbach.
Cerveró disse ao Ministério Público Federal que a BR era um "feudo" de Collor desde 2009, quando a presidência da empresa e duas diretorias foram "entregues" ao senador pelo ex-presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva. A presidente afastada Dilma Rousseff também teria garantido ao parlamentar que todas as diretorias da subsidiária "estavam à disposição de Collor", segundo o delator.
Collor já foi denunciado ao Supremo por suposta participação criminosa relacionada à BR Distribuidora. Ele é acusado de corrupção e lavagem de dinheiro.