A suspeita de que o senador e ex-presidente da República Fernando Collor de Mello (PTC-AL) recebeu propina desviada das obras de um prédio da BR Distribuidora em Salvador, na Bahia, motivou a abertura do sexto inquérito contra o parlamentar na Operação Lava Jato. A investigação perdeu o sigilo no Supremo Tribunal Federal (STF) após o fim do segredo sobre a delação premiada do ex-diretor da Petrobras Nestor Cerveró.
A OAS, de Léo Pinheiro, foi responsável por 60% da obra; a PRS, do empresário Paulo Roberto de Oliveira, por 40%. A última empreiteira entrou no consórcio depois que Oliveira procurou Cerveró interessado em aproveitar a valorização do escritório da BR na Bahia. Ele propôs uma permuta imobiliária para ficar com o prédio antigo da empresa e construir um novo. O acordo garantiu propina equivalente a R$ 500 mil ao delator e outros R$ 500 mil a outro diretor da estatal, Vilson Reichenbach.
Cerveró disse ao Ministério Público Federal que a BR era um "feudo" de Collor desde 2009, quando a presidência da empresa e duas diretorias foram "entregues" ao senador pelo ex-presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva. A presidente afastada Dilma Rousseff também teria garantido ao parlamentar que todas as diretorias da subsidiária "estavam à disposição de Collor", segundo o delator.
Collor já foi denunciado ao Supremo por suposta participação criminosa relacionada à BR Distribuidora. Ele é acusado de corrupção e lavagem de dinheiro. As investigações indicam que o senador recebeu R$ 26 milhões em propina entre 2010 e 2014 por um contrato de troca de bandeira de postos de combustível assinado pela subsidiária da Petrobras e por outros contratos da estatal com empreiteiras e que são alvo da Lava Jato.