De acordo com o STJ, o magistrado tem prazo regimental de até 60 dias para avaliar o caso e pode pedir prorrogação por mais 30 dias. Este mês não tem mais sessão da Corte Especial, órgão designado para analisar o recurso. A próxima reunião é em 1º de julho e, na sequência, ocorre o recesso do Judiciário. Com isso, os julgamentos só serão retomados em agosto.
O voto do ministro-relator do caso investigado na Operação Acrônimo, Herman Benjamin, foi pela não necessidade de autorização da Assembleia para que o STJ receba a denúncia contra Pimentel. "Não é próprio da República verdadeira que o Judiciário amplie privilégios bem questionáveis.
Porém, segundo ele, somente com uma decisão de mérito ele seria afastado do cargo. Portanto, não basta que a denúncia seja aceita pelo STJ para que o governador tenha de sair. "Não é razoável pretender que simples decisão, mesmo que judicial, dando início à ação penal por crime apenado por detenção, ou que não guarde qualquer relação com o bom exercício e reputação do cargo, enseje, de pronto, a suspensão automática do governador", alegou. De acordo com Benjamin, é preciso uma fundamentação de forma clara para o afastamento. O ministro Og Fernandes votou com o relator. A Corte é composta por 15 membros.
Afastamento
Herman Benjamin iniciou o voto dizendo que a constituição mineira não exige a autorização do Legislativo para afastar o chefe do Executivo. "A constituição de Minas Gerais expressamente afasta a necessidade de licença prévia legislativa em crimes comuns de governadores", afirmou o relator.
A defesa de Pimentel alega que o governador só pode se tornar réu em uma ação no STJ se a Assembleia Legislativa autorizar. O argumento é que deve ser adotado o mesmo trâmite previsto na Constituição Federal para o processamento do impeachment do presidente da República. Neste caso, o afastamento do cargo precisa ser autorizado pelo Congresso Nacional.
Corrupção
Pimentel é acusado de corrupção passiva, lavagem de dinheiro e ocultação de valores. Na denúncia oferecida pela Procuradoria-Geral da República no mês passado, o governador de Minas é acusado de solicitar e receber R$ 2 milhões em propina dos acionistas da Caoa Montadora de Veículos, por meio de empresas do empresário Benedito Olivera, o Bené.
Depois de a denúncia ter sido formalizada pela PGR, o empresário Bené afirmou, em delação premiada que ainda será incluída no processo, que a quantia recebida por Pimentel era ainda maior. De acordo com ele, o petista teria sido destinatário de R$ 20 milhões em verba desviada. Bené foi preso em 15 de abril em mais uma fase da Operação Acrônimo. Bené é dono de uma gráfica que prestou serviços ao PT na campanha eleitoral de 2014..