"Solicito que a sessão de cassação do mandato de Eduardo Cunha seja realizada em observância ao mesmo rito estabelecido para a votação do dia 17 de abril: num domingo à tarde, em processo de chamada nominal, com a alocação de um púlpito no centro do plenário. Estou pedindo que vossas excelências, que foram tão cuidadosos, que tinham tanto interesse que o Brasil acompanhasse a sessão contra Dilma, tenham a mesma conduta", pediu o petista.
Considerado um dos homens mais influentes da República, o presidente afastado da Câmara viu ontem seu poder dar passos largos rumo ao fim. Em uma sessão histórica do Conselho de Ética, marcada pelo voto aberto e no microfone, exatamente como impôs na aprovação do afastamento de Dilma, Cunha assistiu da residência oficial o colegiado aprovar o pedido de cassação de seu mandato. Sua chance de escapar da punição agora é se a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) aprovar um parecer mudando o rito de votação do processo por quebra de decoro parlamentar, o que permitiria a aplicação de uma punição mais branda em caso de derrota da proposta de perda de mandato. A cassação do mandato será votada em plenário.
Após 225 dias de tramitação, idas e vindas proporcionadas por manobras regimentais de aliados do peemedebista que retardaram o andamento do processo disciplinar, o conselho aprovou por 11 votos a nove o parecer do relator Marcos Rogério (DEM-RO). Com os votos de Tia Eron (PRB-BA) e de Wladimir Costa (SD-PA), este último defensor de Cunha até o último momento, os deputados concluíram que Cunha mentiu à CPI da Petrobras no ano passado ao negar que possuía contas no exterior.