O empreiteiro foi uma das testemunhas de acusação contra o marqueteiro do PT João Santana e o dono da Odebrecht, Marcelo Bahia Odebrecht.
"Isso significa que eles são muito desorganizados a como conduzir uma campanha.
Pessoa confirmou em juízo que pagava propinas ao PT, via ex-tesoureiro João Vaccari Neto, por ordem do ex-diretor de Serviços da Petrobras Renato Duque - indicado pelo partido ao cargo. E também que repassou valores em espécie, que não eram de propina, a pedido dos políticos.
"No caso de Vaccari, a grande, quase absoluta, maioria (da propina), era depositada na conta do Partido dos Trabalhadores, a maioria no Diretório Nacional”, detalhou o dono da empreiteira UTC. Segundo ele, pelo menos R$ 2 milhões foram repassados em espécie para Vaccari. "Foram solicitações de Vaccari, ele pediu e eu dei em espécie", afirmou.
Pessoa também confirmou que, em 2012, a UTC fez pagamentos a uma gráfica para a campanha do prefeito de São Paulo, Fernando Haddad (PT).
Questionado por advogados, o empresário confirmou em juízo o conteúdo de suas delações em que relatou repasse de doações em espécie para o senador Aloysio Nunes Ferreira (PSDB-SP), para o deputado federal Paulinho da Força (PDT-SP) e para o ex-deputado Valdemar Costa Neto (PR-SP).
No caso da doação a Aluísio Nunes, líder do governo interino no Senado, Pessoa disse que pagou em espécie a pedido dele e que os repasses não eram relacionados a propina, apesar de serem feitos fora do sistema de doação oficial à campanha ou ao partido. "Muitos pagamentos por fora foram feitos por solicitação dos políticos, mas não necessariamente estavam ligados a propina, muito pelo contrário."
Sistemática
Pessoa voltar a contar que as propinas eram cobradas após fechamentos dos contratos. "A medida que se ganhava um contrato, nós éramos instados a fazer um pagamento, uma parte para "Casa", que é a Diretoria de Serviços, outra parte para o partido político", explicou, ao ser questionado pela procuradora da República Laura Tessler, da força-tarefa da Lava Jato.
"Renato Duque sempre encaminhou para João Vaccari Neto", afirmou o delator. "À medida que você assinava um contato de uma unidade, alguma prestação de serviço da Engenharia, ao conversar com próprio diretor Duque, ele lhe encaminhava e perguntava se tinha conversado com o senhor Vaccari, ao mesmo tempo que (Pedro) Barusco (que também era diretor da estatal) nos procurava para conversar sobre a participação deles." A procuradora quis saber o que era a participação.
"Ao longo do tempo isso passou a ser automático”, explicou Pessoa. Vaccari procurava a empresa e sabia sobre o "contrato, valores, tudo". "Geralmente era 1%, meio por cento para o partido, meio por cento através do Barusco para o que eles chamavam Casa (funcionários da Petrobras".
Moro ouviu ainda os depoimentos de Walmir Pinheiro Santana, funcionário da UTC, responsável pelas entregas de valores da empreiteira e o lobista Milton Pascowitch, operador de propinas da empreiteira Engevix..