O presidente em exercício, Michel Temer, não tinha, até às 9h30 desta sexta-feira compromissos oficiais anotados na sua agenda presidencial. Nessa quinta-feira (16), quando fez um pronunciamento, o peemedebista participou de cerimônia de expansão do Fies e recebeu o governador do Distrito Federal - em um dia que, a princípio, também não possuía compromissos agendados.
O dia de "improviso" dessa quinta-feira (16) foi para tentar minimizar a crise de ter seu nome envolvido na delação do ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado. No entanto, Temer se viu obrigado a administrar a queda de Henrique Eduardo Alves (PMDB), que pediu demissão do Ministério do Turismo e se tornou o terceiro ministro a deixar o governo do presidente em exercício por causa das investigações da Operação Lava-Jato.
Nos 35 dias de gestão interina do peemedebista caíram também Romero Jucá, ex-titular do Planejamento, e Fabiano Silveira, que chefiava a pasta da Transparência. Os dois deixaram o governo em razão da divulgação de gravações feitas por Machado que mostravam a discussão sobre medidas para barrar a Lava Jato.
A saída de Alves ocorreu a pedido do próprio ministro e teve origem mais em razão de denúncias que estão por vir do que a delação de Machado em si. Alves era um dos mais próximos auxiliares de Temer.
O presidente em exercício também foi vinculado pelo ex-presidente da Transpetro ao esquema de propinas relatado por Machado na subsidiária da Petrobras. Nesta quinta-feira, Temer convocou a imprensa para rebater a citação a seu nome - ele chamou de "irresponsável, leviana, mentirosa e criminosa" as afirmações de Machado e admitiu que o caso pode "embaraçar a atividade governamental".
Em relação a Alves, o ex-presidente da Transpetro disse ter pago a ele R$ 1,55 milhão em propinas por meio de doações feitas pela empreiteira Queiroz Galvão e pela Galvão Engenharia. Os repasses, segundo ele, foram feitas entre os anos de 2008 e 2014, quando Alves era deputado e chegou a ocupar a cadeira de presidente da Câmara. Ele nega as acusações.
Novas delações
Mas o receio do Planalto é quanto ao conteúdo das delações que ainda não vieram à público, como a do empreiteiro Marcelo Odebrecht, de Léo Pinheiro, da OAS, e a de Fábio Cleto, ex-vice-presidente da Caixa Econômica Federal. A saída de Alves foi, nesse sentido, uma medida preventiva do governo, relataram auxiliares do presidente em exercício.
Com Agência Estado