Temer quer demissão de ministro investigado por possível recebimento de propina

Presidente em exercício quer evitar novas baixas por causa de escândalos. PGR levanta suspeitas sobre titular da Educação, Mendonça Filho

Estado de Minas

Geddel Lima conversa com Temer: especula-se que ministro pode ser um dos citados em nova delação - Foto: Evaristo Sá/AFP


Brasília – Em reunião na manhã de ontem, no Palácio do Jaburu, o presidente em exercício Michel Temer determinou aos ministros da Casa Civil, Eliseu Padilha, e da Secretaria de Governo, Geddel Vieira Lima, que conversem com todos os integrantes do primeiro escalão sobre qualquer envolvimento que possam ter com as investigações da Operação Lava-Jato.

Temer ficou muito irritado com a saída de Henrique Eduardo Alves do Ministério do Turismo, antecipando-se a denúncias que surgirão nos próximos dias, de que autoridades policiais identificaram contas secretas suas na Suíça. Segundo auxiliares presidenciais, o presidente em exercício quer evitar novas baixas por conta de potenciais escândalos. Mas próxima bomba a cair sobre o Jaburu, residência oficial de Temer, deve envolver o ministro da Educação, Mendonça Filho (DEM).

Em manifestação ao Supremo Tribunal Federal (STF), tornada pública ontem, o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, afirma que “foram encontrados indícios de possível recebimento de propina” por Mendonça. Segundo Janot, o ministro teria recebido R$ 100 mil em vantagem indevida, disfarçada de doação eleitoral na campanha de 2014. Os elementos teriam surgido do celular de Walmir Pinheiro, ex-diretor financeiro da construtora UTC, uma das empreiteiras investigadas na Lava-Jato.

Na reunião com Temer, os peemedebistas demonstraram preocupação também com a delação de Fábio Cleto, que era vice-presidente da Caixa Econômica Federal. Segundo um integrante do governo, há citação a Geddel. Cleto é afilhado político do presidente afastado da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ). Ontem, o ministro-relator da Lava-Jato no STF, Teori Zavascki, homologou a delação do ex-vice da Caixa.

Com as conversas, Temer busca blindar o governo.
A ideia é que os principais auxiliares façam um “exame de consciência”. “A prioridade zero do presidente é impedir que a Lava-Jato chegue ao governo. Ao Palácio do Planalto, então, nem se fala. A diretriz dada na reunião foi a de quem tiver qualquer envolvimento peça para sair. Se não sair, será saído”, afirmou um interlocutor palaciano.

Henrique Alves foi o terceiro ministro do governo interino de Temer a deixar o cargo após se envolver com a Lava-Jato. Antes dele, Romero Jucá deixou o Planejamento e Fabiano Silveira pediu demissão da Transparência após serem divulgadas gravações de Sérgio Machado, ex-presidente da Transpetro.

Segundo esse interlocutor, o Planalto avalia que houve desgaste com a queda de três ministros no primeiro mês de governo, mas que ainda é possível estancar a crise e minimizar os dados. Durante a reunião, os ministros e Temer avaliaram que não foram só as pedaladas fiscais que levaram ao afastamento da presidente Dilma Rousseff, mas, sobretudo, o fato de as investigações terem chegado ao Planalto, afetando os ex-ministros Edinho Silva (Comunicação Social) e Jaques Wagner (Casa Civil).

EXTINÇÃO
O presidente interino Michel Temer ainda não decidiu o que fazer com o ministério do Turismo após a saída de Henrique Alves e estuda, inclusive, extinguir a pasta. Caso resolva manter o ministério, o presidente interino quer que seja um nome reconhecido pelo mercado de turismo. Seja qual for a solução, Temer avalia que não pode passar de semana que vem, já que esSa é uma área fundamental durante as Olimpíadas, cuja abertura será em 5 de agosto. “É muito difícil arrumar um ministro que não dê problema”, reconhece um interlocutor de Temer.

 

 

.