O presidente afastado da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), volta a ser o centro das atenções nesta curta semana de atividades parlamentares. Aproveitando o vazio de votações importantes — devido às festas de São João, o Congresso estará esvaziado —, Cunha vai se reunir nesta segunda-feira pela manhã com os principais aliados em reunião na casa dele e promete fazer um pronunciamento à imprensa na terça-feira, às 11h, no Hotel Nacional, em Brasília. A principal especulação é de Cunha esteja avaliando a possibilidade de anunciar a renúncia à presidência da Câmara.
A tese de abdicar-se da principal cadeira da Câmara para preservar o mandato e se defender no Supremo Tribunal Federal é sustentada pelos aliados mais próximos dele. “O que se poderia tentar argumentar é que já houve uma punição muito grave contra ele (Cunha). Então, defendemos um julgamento no STF, menos contaminado pela política. Ele já teve uma punição violenta, está afastado, comandou processo de impeachment que trouxe ódio e o mais justo é que seja julgado no STF”, afirmou o deputado Carlos Marun (PMDB-MS).
Na avaliação de outro aliado, a reunião é uma maneira de se inserir novamente no meio político e tentar se desvencilhar dos rumores de que fará delação premiada e entregará deputados. “Ele vai dizer que vai lutar até o fim e que não há o que se delatar porque não existe crime. É a oportunidade dele sair dessa prisão domiciliar espontânea que está vivendo. É uma semana curta e ele vai aproveitar para fazer a sua defesa, sair das especulações e voltar a dialogar com jornalistas”, considerou um deputado. Alguns aliados devem se ausentar da reunião para evitar associações à obstrução da cassação.
DEFESA Cunha tem até quinta-feira para apresentar a defesa a um recurso na Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ) sobre o parecer que pede a cassação de seu mandato, aprovado pelo Conselho de Ética. O advogado dele já adiantou que ressaltará os “erros” cometidos pelo presidente do colegiado, José Carlos Araújo (PR-BA), inclusive, sobre a votação ter sido nominal.
Já o presidente interino da Câmara, Waldir Maranhão (PP-MA), avisou que pretende retirar da CCJ um outro questionamento feito por aliados de Cunha, que poderia livrá-lo da cassação. Essa consulta, elaborada por Arthur Lira (PP-AL), tem previsão de ser votada hoje. Lira produziu um parecer em que sugere que seja votado em plenário um projeto de resolução, sujeito a emendas (desde que elas não prejudiquem o representado). O texto estabelece ainda que, caso a pena prevista no projeto votado seja rejeitada pelo plenário, o deputado será absolvido, não podendo ser votada a representação inicial. No caso de Cunha, a representação do PSol e Rede pede a perda do mandato.