Brasília, 20 - Atingido pelo desgaste dos desdobramentos da Operação Lava Jato, o presidente em exercício, Michel Temer, tentará impor nos próximos dias uma agenda positiva com objetivo de demonstrar que o governo não está paralisado em meio aos avanços das denúncias.
A semana inicia com encontros com governadores, em que Temer tratará sobre a renegociação das dívidas do Estados. A reunião ocorre após ter sido decretado, na última sexta-feira, 17, calamidade pública pelo governo do Rio de Janeiro.
Além da agenda com os chefes dos executivos estaduais, segundo a reportagem apurou, os ministros estão sendo incentivados pelo Palácio do Planalto a deixarem os gabinetes e apresentarem ações das respectivas pastas.
Um dos primeiros a responder ao chamado foi o ministro das Cidades, Bruno Araújo, que deve anunciar, ao lado de Temer, a ampliação de benefícios para famílias que integram o Programa Minha Casa Minha Vida. Entre as medidas previstas está a liberação de um crédito, que vai variar entre R$ 3 a R$ 5 mil, para a realização de reformas nas habitações de quem integra o programa.
Os critérios para o recebimento dos recursos ainda estão em elaboração e devem ser definidos nos próximo 60 dias, passando a valer apenas em 2017. A ideia é beneficiar famílias que recebem até três salários mínimos. A previsão inicial é de que a anúncio da ampliação do programa ocorra na próxima sexta-feira ou no domingo, em evento que deverá ocorrer na cidade do Rio de Janeiro.
Na tentativa de se descolar da Lava Jato, Temer também pretende ampliar a associação de seu governo com as Olimpíadas, previstas para ser realizada no próximo mês de agosto. Uma "agenda olímpica" deverá ser construída pelo ministro dos Esportes, Leonardo Picciani, para que o presidente em exercício vincule cada vez mais os jogos à sua imagem.
Dentro da estratégia de se tornar mais conhecido pela população, segundo auxiliares do presidente em exercício, não está descartada ainda a possibilidade da realização de um pronunciamento à Nação na próxima semana.
A ideia é "apresentar" Temer à população e abrir espaço para que ele fale sobre as obras e projetos inacabados deixados pelo governo da presidente afastada Dilma Rousseff. A questão ética também deve ser tocada ao ser reforçado o discurso de que integrantes do governo que tiverem problemas na Justiça serão afastados.
A realização do pronunciamento à Nação, em cadeia nacional de rádio e TV, ainda encontra resistência, porém, de alguns auxiliares do Palácio do Planalto, que temem reações do PT e a realização de panelaços.
Aproximação
Na agenda de Temer também está prevista uma sessão de afagos ao presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL). Um dos primeiros atos previstos para o início da semana é um encontro com a participação do senador e do ministro da Fazenda, Henrique Meirelles. Na ocasião, será discutida a implementação da chamada a "Agenda Brasil", conjunto de projetos apresentados em 2015 por Renan, com objetivo de reaquecer a economia do País.
O encontro também servirá para selar a imagem de reaproximação entre Temer e Renan. Ambos são citados por Machado como beneficiários do esquema de desvio que teria ocorrido na Transpetro durante a gestão do ex-dirigente. Temer teria pedido a Machado R$ 1,5 milhão para a campanha de Gabriel Chalita - na época no PMDB - à Prefeitura de São Paulo. Já o senador, teria recebido um total de R$ 32 milhões em propina. Ambos negam a participação no esquema.