Vinicius Borin não apontou em que período o dinheiro foi repassado por Olívio Rodrigues Júnior às offshores. O novo delator pode ajudar a Lava-Jato a descobrir quem são os beneficiários de suposta propina da empreiteira.
No depoimento de 21 páginas do delator, há um trecho intitulado "beneficiários finais das transferências de Olívio". O empresário cita o executivo Luiz Eduardo da Rocha Soares, que seria um dos controladores de contas no exterior da Odebrecht.
"O depoente informa que com o desenvolvimento das investigações da Lava-Jato, Luiz Eduardo começou a solicitar informações de pagamentos para algumas contas, como, por exemplo, se tinha sido feita alguma transferência, data e valores; que em razão destes pedidos, o depoente foi fazendo uma relação, já que aparentemente suspeitas", afirmou Borin.
Na lista dos beneficiários apontados pelo delator está a conta Shellbill Finance SA, do marqueteiro João Santana, que atuou nas campanhas presidenciais de Dilma Rousseff (2010 e 2014) e Luiz Inácio Lula da Silva (2006). À offshore foram transferidos US$ 16.633.510 de três contas (Klienfeld, Innovation e Magna, ligadas à Odebrecht).
O detalhamento de Borin é composto pelo nome da conta que teria sido beneficiária de repasses, o valor transferido e as supostas contas que teriam abastecido as offshores.
A Tech Trade Corporation foi a conta que mais recebeu recursos. Foram transferidos US$ 24,4 milhões das contas Magna, Innovation e Klienfeld. Estas mesmas três contas e mais a Fasttracker repassaram à Sun Oasis Enterprises Limited US$ 12,747.406,69.
Borin trabalhou em São Paulo na área comercial do Antigua Overseas Bank (AOB), entre 2006 e 2010. Borin e outros ex-executivos do AOB se associaram a Fernando Migliaccio e Luiz Eduardo Soares, então integrantes do Departamento de Operações Estruturadas - nome oficial da central de propinas da empreiteira, segundo os investigadores da Lava-Jato - da Odebrecht para adquirir a filial desativada do Meinl Bank, de Viena, em Antígua, paraíso fiscal no Caribe.
O novo delator disse em depoimento à força-tarefa da Lava-Jato que a empreiteira controlou 42 contas offshores no exterior, sendo que a maior parte delas foi criada após aquisição da filial de um banco, o Meinl Bank Antigua, no fim de 2010.