Reclamando a todo momento de que era vítima de cerceamento de defesa e ação seletiva do Ministério Público, que recentemente pediu sua prisão, Cunha acusou Dilma de ter distribuído cargos, aprovado doação de áreas no Amapá e liberado emendas para angariar apoio político. "E ninguém pediu a prisão dela", protestou. Em sua visão, os inquéritos contra petistas não andam na mesma velocidade que os dele porque a Procuradoria Geral da República se concentra "em que lhe interessa".
No final da coletiva, o peemedebista reforçou que está suspenso do mandato e não impedido de exercer seus direitos políticos. Questionado sobre conversas em torno da possibilidade de renunciar ao cargo de presidente da Casa, Cunha foi categórico. "Não renunciei e não tenho o que delatar".
Cunha deixou o prédio do Hotel Nacional, em Brasília, pela saída de emergência para evitar os manifestantes que gritavam da rua "fora cunha, bandido".
Processo disciplinar
Cunha afirmou que não trabalha com a hipótese de seu processo disciplinar ser votado pelo plenário da Casa. Ele disse confiar que a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) vai atender seus recursos, os quais apontam nulidades nos trabalhos do Conselho de Ética.
Eduardo Cunha afirmou que as mudanças de voto que aconteceram no Conselho de Ética foram motivadas por "efeito manada". Apesar de não citar nomes, o peemedebista se referia ao deputado Wladimir Costa (SD-PA), que declarou voto a favor de Cunha no colegiado, mas mudou o voto de última hora, após a deputada Tia Eron (PRB-BA) anunciar que votaria contra Cunha.
Questionado no fim da entrevista, o presidente afastado da Câmara afirmou que decidiu vir sozinho para a coletiva por "decisão própria". Nenhum de seus aliados o acompanhou na entrevista. O presidente afastado da Casa também informou que pagou do próprio bolso os custos da entrevista, que durou quase duas horas. Ele deixou o local sob gritos de "Fora, Cunha, bandido"..