Dono da Valadarense repassou R$ 200 mil ao presidente do sindicato dos trabalhadores, diz promotor

Jorge Ferreira Lopes foi preso na manhã desta terça-feira (21), suspeito de receber uma vultosa quantia da Valadarense, que monopoliza o transporte de passageiros em Governador Valadares


O presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Transporte Rodoviário (Sinttro-GV), Jorge Ferreira Lopes, foi preso na manhã desta terça-feira (21), sob acusação de receber uma vultosa quantia da Valadarense, que detém o monopólio do transporte de passageiros na cidade, para beneficiar a empresa em detrimento da categoria que representa.
Uma história incrível, revelada na quinta fase da operação Mar de Lama, deflagrada em Governador Valadares, onde investigadores apuram uma rede de corrupção envolvendo políticos e empresários na maior cidade do Vale do Rio Doce.

Jorge é acusado de forjar acordos trabalhistas que beneficiam a empresa. Ele também é suspeito de incentivar a categoria a deflagrar greves com intuito de forçar a prefeitura a reajustar o preço das passagens, beneficiando novamente a Valadarense, mas, dessa vez, prejudicando, sobretudo, a população.

O presidente do sindicato recebeu pelo menos R$ 200 mil da Valadarense, conforme vídeos apreendidos na Mar de Lama, que reúne o Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do Ministério Público de Minas Gerais, o Ministério Público Federal, a Polícia Federal, Polícia Militar, Polícia Civil e Ministério da Transparência, Fiscalização e Controle (MFTC).

- Foto: Alex Eller/Rede Alerta
“O dono da Valadarense repassa R$ 200 mil em espécie ao presidente do sindicato dos trabalhadores”, diz o promotor Evandro Ventura, do Gaeco. Os investigadores ainda apuram se o presidente ficou com toda a quantia ou se repartiu com outras pessoas. Os vídeos estavam num pendrive encontrado por policiais federais durante a execução de um mandado de busca e apreensão num dos escritórios da Valadarense.

As imagens foram gravadas por Roberto Carvalho, presidente da empresa, que está preso desde maio passado, acusado de pagar um mensalinho a vereadores que votavam em projetos de lei de interesse da empresa ou que retiravam de pauta propostas que prejudicassem a firma.

Um dos projetos retirados da apreciação do plenário concedia gratuidade a deficientes físicos. Os investigadores também conseguiram um mandado de prisão preventiva para Roberto Carvalho. Embora ele esteja preso, a estratégia é evitar que ele consiga a prisão domiciliar ou a liberdade em recurso que será analisado pelo Tribunal de Justiça na quinta-feira.

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