Dilma defendeu o programa Bolsa Família e afirmou "só um grande preconceito" com o programa pode explicar por que o aumento de 9% no benefício médio, que ela anunciou no Dia do Trabalho, não foi até hoje concedido. "Desde sexta, está sendo pago o benefício do Bolsa Família com zero de reajuste. É uma fantástica injustiça", disse a petista.
Ela citou o acordo feito pelo governo Temer com os Estados e também a ampliação do déficit fiscal como contradições para não conceder o aumento do Bolsa Família. "Não dá pra entender este governo golpista. Havia previsão de recursos para o aumento.
Procurado, o Ministério do Desenvolvimento Social e Agrário (MDSA) afirmou que "está trabalhando para colocar em dia o rombo deixado pelo governo anterior". "Há R$ 1,6 bilhão que não foram investidos na área social em 2015. Mesquinharia foi ter ficado dois anos sem dar reajuste ao Bolsa Família e ter deixado 11 milhões de pessoas desempregadas", afirmou o ministro Osmar Terra à reportagem. "Esse governo vai cumprir o que ela anunciou, mas não viabilizou", completou.
A presidente afastada disse que tomou providências para que o benefício fosse reajustado em junho. "Colocamos no Orçamento de 2015 a previsão para o reajuste de 9% no benefício médio, garantimos recursos financeiros com o aumento do IOF, enfim nada impedia que em junho os beneficiários estivessem recebendo o reajuste. Faltou a vontade política do governo interino de pagá-lo. Essa não é a prioridade do governo interino e provisório", disse.
Segundo Dilma, além das famílias que recebem o benefício, o aumento do Bolsa Família é também importante para a economia. "Quando a família gasta com alimentos, roupas, calçados, remédios, isso impacta a economia local e o comerciante, o feirante, o dono do armazém, etc., também se beneficiam. Cada R$ 1,00 gasto pelo beneficiário do Bolsa Família gera R$ 1,78 para o conjunto da economia", afirmou.
Dilma rebateu ainda a ideia de que o Bolsa Família torna o beneficiário dependente do programa. "O Bolsa Família é só um complemento, uma retirada de algumas famílias da pobreza extrema", disse.
A presidente afastada também criticou a PEC que limita os gastos do governo, que foi proposta por Temer.
Aliados
Ainda nesta terça-feira, 21, Dilma tem um encontro com os presidentes do PT, Rui Falcão, do PCdoB, deputada Luciana Santos (PE), e do PDT, Carlos Lupi, no Palácio da Alvorada. Os presidentes das siglas aliadas devem reafirmar o seu apoio à presidente afastada e tentar traçar uma estratégia para conquistar os votos que ainda faltam no Senado para que Dilma evite o afastamento definitivo. Desde o início do processo de impeachment, os representantes das siglas aliadas têm prestado solidariedade a Dilma e feito sua defesa no Congresso..