A acusação é de que Azevedo "usurpou" a competência do STF, que deveria ter autorizado previamente a operação por causa do foro privilegiado da senadora. Os mandados visavam o ex-ministro do Planejamento Paulo Bernardo, marido da parlamentar petista.
Na peça, solicitada à Advocacia-Geral do Senado, pelo presidente da Casa, Renan Calheiros (PMDB-AL), e pelo vice-presidente, Jorge Viana (PT-AC), os parlamentares defendem a nulidade do ato de busca e apreensão, "solicitando que sejam eliminadas todas as provas decorrentes do ato". "Proteger as inviabilidades de seus membros não é outra coisa senão resguardar a própria autonomia desta Casa", diz um trecho da peça.
Renan solicitou que a Advocacia-Geral entre com uma representação disciplinar no Conselho Nacional de Justiça (CNJ) contra o juiz. Na decisão, Paulo Bueno de Azevedo argumentou que o fato de a mulher de Bernardo ser senadora "não impede a busca e apreensão, pois, do contrário, ser casado ou residir com alguma autoridade equivaleria a uma verdadeira imunidade a investigações criminais".
Na Comissão Especial do impeachment do Senado, houve silêncio ontem em relação ao caso. Nenhum senador trouxe o tema para debate e a sessão seguiu com normalidade. Antes de iniciar a reunião, os senadores adversários Lindbergh Farias (PT-RJ) e Cássio Cunha Lima (PSDB-PB) conversaram sobre o assunto no que pareceu um pacto de não agressão.
"É um constrangimento. Por mais que o embate político seja duro, há uma família por trás disso.
Cunha Lima, que é advogado de formação, chamou a ação de "abuso". Segundo ele, um juiz de primeiro grau não tem autorização para comandar busca e apreensão no apartamento funcional de uma senadora da República e a ordem deveria ter vindo do Supremo.
'Solidariedade'
Outros senadores - entre eles alvos da Operação Lava Jato - se revezaram na tribuna do plenário em defesa da petista. Valdir Raupp (PMDB-RO) defendeu não só a senadora, mas todos os colegas investigados pela Lava Jato e, até mesmo, o governo da presidente afastada Dilma Rousseff. O PMDB tem o maior número de senadores com inquéritos na operação.
"Quero externar a nossa mais sincera solidariedade à senadora Gleisi, nossa colega de trabalho, ativa, guerreira, determinada e que já vinha sofrendo, assim como eu, assim como tantos outros parlamentares que sofrem já há algum tempo. Não cabe a nós também culpar o governo passado nem o governo atual pelo o que aconteceu com tantas autoridades. Mas os excessos existem", disse Raupp.
Um dos maiores incômodos para Gleisi foi o fato de os dois filhos do casal, João, de 14 anos, e Gabriela, de 10, terem presenciado a prisão do ex-ministro. "Vieram coercitivamente buscá-lo em casa, na presença de nossos filhos menores. Um desrespeito humano sem tamanho, desnecessário. Não havia nada em nossa casa que podia ser levado. Mesmo assim levaram o computador do meu filho adolescente", declarou. As informações são do jornal
O Estado de S. Paulo..