Brasília - Com parlamentares dando sinais de desinteresse após 11 reuniões para ouvir testemunhas, o Senado deve encerrar na quarta-feira, 29, a fase probatória do processo de impeachment da presidente afastada Dilma Rousseff. Aliados da petista reclamam que os senadores da base do presidente em exercício Michel Temer têm agido com descaso no processo, o que teria se intensificado durante os depoimentos.
Em uma das sessões, o senador Álvaro Dias (PV-PR), favorável ao impeachment, afirmou que o processo é "protelatório". Ele chegou a dizer que os votos já estavam definidos e que a comissão é uma "formalidade". Também houve grande número de ausências - por duas vezes, o quórum da comissão caiu quase a ponto de a reunião ser suspensa. Para haver sessão, são necessários pelo menos cinco senadores.
Coordenada pela senadora Simone Tebet (PMDB-MS), a base aliada de Temer abriu mão de fazer perguntas às testemunhas e chegou a aprovar a dispensa de testemunhas de acusação. "Esse é o único processo que eu conheço em que a acusação abre mão de produzir provas. Mas eles não podem interrogar as testemunhas, porque estariam produzindo provas contra eles mesmos", disse a senadora Vanessa Grazziotin (PC do B-AM), membro da tropa de choque de Dilma na comissão.
Senadores da base questionam a quantidade de depoentes trazidos pela defesa - ao todo, 40. Os aliados do presidente em exercício argumentam que muitas testemunhas eram desnecessárias e foram trazidas apenas com o intuito de dar mais semanas a Dilma.
Desinteresse
Para Vanessa, porém, há desinteresse. "Eles (a oposição) não têm nenhum pudor de dizer que já está definido, que é uma formalidade. Não fazem perguntas porque não se interessam pelas respostas. Estão usando o processo de impeachment para validar uma decisão que já foi tomada lá atrás."
Ao longo das três semanas de depoimentos, a tropa de choque de Dilma também demonstrou desgaste e chegou a negociar, por duas vezes, um acordo de procedimento para liberar as testemunhas mais rapidamente. Nos bastidores, os petistas assumem a dificuldade de reverter votos na comissão e acreditam que o placar pode estar definido: 15 a 5 a favor do afastamento, como na primeira fase..