Segundo interlocutores de Temer, que confirmaram o encontro, o presidente em exercício abriu as portas do Palácio do Jaburu para os dois fazerem "uma avaliação do quadro político atual". A reunião, segundo fontes ligadas a Temer, teria sido uma iniciativa de Cunha, que telefonou para o presidente em exercício pedindo a conversa reservada.
Procurado, Cunha negou o encontro. "Não estive com ele ontem. Eu não confirmo." Apesar da negativa, o presidente afastado da Câmara disse que "era normal" o encontro e que o fazia "com regularidade".
Além das implicações de Cunha na Lava Jato e suas possíveis consequências para o governo Temer, o Planalto também se preocupa com a sucessão na presidência da Câmara dos Deputados. O governo teme que um racha entre os aliados para a disputa prejudique a governabilidade na Casa e atrapalhe votações de seu interesse. Nos dois casos, entretanto, até agora o esforço de Temer era adotar um discurso de que o assunto é do Legislativo e não pode sofrer interferência do Executivo.
Interesse
O governo, porém, tem todo o interesse que o escolhido seja alinhado com o Planalto, para facilitar o andamento das propostas, embora tanto a Câmara quanto o Senado tenham aprovado todos os projetos até agora.
Em entrevista na sexta-feira passada, Temer disse que Cunha não o atrapalhava em "absolutamente nada" e que era "claro" que os dois conversavam. "Aqui no Brasil há esse preconceito. Acha que não se pode falar com ninguém", disse o presidente em exercício.
Temer e Cunha já se encontraram pelo menos três vezes desde que ele assumiu a Presidência interinamente, no dia 12 de maio. No encontro mais recente, a sucessão na Câmara entrou na pauta. Temer tem pressa em uma solução na Casa, embora, oficialmente, o discurso seja de distanciamento.
Surpresa
O presidente em exercício se surpreendeu com o número de candidatos à presidência da Câmara. Cunha está afastado do mandato como deputado e consequentemente da presidência da Câmara desde o início de maio.
Apesar de trabalhar para evitar a cassação de seu mandato e até mesmo se manter à frente do comando dos trabalhos dos deputados, diante da iminência crescente de sua saída definitiva, Cunha tem trabalhado intensamente para influenciar diretamente na escolha de seu sucessor na função.
Caso o peemedebista saia do cargo, pela legislação, uma nova eleição precisará ser convocada para um "mandato tampão", até que, em fevereiro do ano que vem, um novo deputado seja eleito para um novo mandato de dois anos. A