Apesar de a lei não ter efeito retroativo, o Planalto estuda readequar algumas nomeações já feitas como, por exemplo, a do presidente dos Correios, para onde foi nomeado e empossado o ex-deputado federal Guilherme Campos, que deixou a presidência do PSD para assumir a estatal.
O ministro da casa Civil, Eliseu Padilha, em entrevista no Planalto, disse que as nomeações já estão iniciadas e reconheceu que em alguns casos, os indicados precisarão ser trocados. "Já teve nomeações que foram encaminhadas. Nós temos alguns casos que ainda dependem de uma composição política mais ampla. E tem casos em que os indicados terão que ser substituídos", afirmou. "Mas nós não vamos trocar o indicador. Quem indicou alguém que circunstancialmente tenha que ser substituído indicará aquele que preencha perfeitamente o que é o desenho estabelecido pelo estatuto das empresas estatais", declarou o ministro.
Guilherme Campos foi indicado para a presidência dos Correios pelo ministro da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações, Gilberto Kassab e tomou posse dia nove de junho na estatal.
Não há uma definição de qual será o timing para esta e outras mudanças que são pretendidas pelo governo. O objetivo é evitar sinais contraditórios ao mercado sobre a conduta em relação à profissionalização das estatais.
A decisão inicial do governo Temer era de que as nomeações já feitas não seriam afetadas. Mas, depois de um jantar de trabalho realizado na noite de quinta-feira, no Palácio do Jaburu, Temer, e os ministros da Casa Civil, Eliseu Padilha, e da Secretaria de Governo, Geddel Vieira Lima, discutiram a possibilidade de rever algumas das nomeações já realizadas para que elas se adequem às novas regras.
Com a sanção do texto publicada no Diário Oficial, o governo pretende começar a destravar, a partir do início da semana que vem, inúmeros cargos que estão represados. Na reunião da noite de quinta-feira, Temer, Padilha e Geddel começaram a repassar os nomes para os postos para ver quem se enquadra onde. Mas o governo quer evitar antecipar qualquer coisa e pretende conversar com os partidos para reorientá-los sobre as indicações para as diretorias das estatais. Uma das primeiras indicações que deve ser anunciada é a Wilson Ferreira, indicado para comandar a Eletrobrás. Ferreira tem uma formação que se enquadra no perfil técnico desejado pelo governo federal para resolver ajudar a sanar a "grave crise" que a estatal do setor elétrico enfrenta.
Temer recebeu uma pressão muito grande dos partidos, principalmente da Câmara, para que vetasse o artigo que impede a nomeação de dirigentes partidários e simples indicações políticas. O presidente em exercício, que não queria desagradar o Senado, que bateu pé neste ponto do projeto, já mandou recado aos aliados na base de que eles não precisam se rebelar ou se preocupar porque serão atendidos nos seus pedidos. "Tem muito cargo na Esplanada. Não precisa ser só nas estatais", lembrou um interlocutor direto de Temer, ao explicar que esses afilhados políticos dos parlamentares podem ser acomodados em cargos que não têm essa exigência legal.
Itaipu
Em muitos casos ainda há disputas internas entre partidos para um mesmo cargo. Em outros, a disputa é de diferentes grupos do mesmo partido.
Só que, neste ínterim, o governador paranaense Beto Richa (PSDB) levou um segundo nome ao Planalto. O tucano apresentou o ex-deputado Abelardo Lupion (DEM) para cuidar da estatal, cujo orçamento anual é de R$ 50 bilhões, equivalente ao do governo do estado. No Planalto, a informação é de que como "ali tem uma disputa política" o governo está estudando o que fazer. Além disso, lembra o interlocutor do presidente, está em vigor um novo estatuto das empresas públicas, que terá de ser respeitado na hora de se fazer a escolha. (Tânia Monteiro).