O cenário é hostil para conformar alianças. Isto porque cada qual ao seu modo enfrenta a fragmentação da antiga base. Do grupo aliado a Marcio Lacerda, saltam, além da candidatura do PSB e de João Leite, a do vice-prefeito Délio Malheiros (PSD), a do Sargento Rodrigues (PDT), a de Eros Biondini (PROS), a de Alexandre Kalil (PHS), a de Luís Tibé (PTdoB) e a de Caixa (PV). Da antiga base da oposição, formada por PMDB, PT e PCdoB, cada qual se lança em voo solo, sendo que, o PT, corre por fora do triângulo PMDB, PSB e PSDB onde a disputa está mais aguda.
Desdenhados por ex-aliados de disputas municipais - socialistas e tucanos em 2008 e peemedebistas em 2012 -, petistas se preparam neste pleito para a refundação. Três nomes concorrem internamente pela indicação– o deputado estadual Rogério Correia, o ex-vice-prefeito Roberto Carvalho e o deputado federal Reginaldo Lopes. Mais provável a ser escolhido, Reginaldo Lopes anuncia uma “ruptura radical” com o atual modelo eleitoral, numa campanha barata, sem recursos de marketing, debates e envolvimento de movimentos sociais. Nesse campo mais à esquerda, são ainda pré-candidatos a deputada federal Jô Moraes do PCdoB e o deputado estadual Paulo Lamac, da Rede. PCdoB e Rede têm mantido próxima interlocução que poderá se consolidar em chapa única.
Filiado no ano passado ao Solidariedade e à frente do partido em BH, o deputado federal Laudívio Carvalho (SD) também se coloca neste momento como candidato. Além destes 13 nomes, também estão prontos para a disputa Vanessa Portugal (PSTU), Maria da Consolação (PSOL), Pepe (PCO) e Tadeu Martins (PPL).
Quem vai com quem, esta é a pergunta crucial da disputa: é uma campanha de apenas 35 dias, sem financiamento de empresas, em que cada segundo de visibilidade no tempo de antena é fundamental. Nesta campanha, candidatos a prefeito terão 42 minutos de inserções diárias e 20 minutos disponíveis do horário eleitoral exibido na televisão e no rádio, distribuídos em dois blocos de segunda a sexta.
Entre desejar e ter, vai uma distância. O PMDB de Rodrigo Pacheco tem mais chance de atrair o bloco de pequenos partidos, formado pelo PTN, PSC e PSDC, sob o comando do presidente da Câmara Municipal, Wellington Magalhães (PTN). “Nosso bloco caminhará junto”, afirma Magalhães.
Embora o PR e o PSD estejam na mira do PMDB, nenhum dos dois abre mão da candidatura própria. “Vou concorrer”, anuncia o deputado federal Marcelo Álvaro Antônio. “E não está fácil fazer aliança por causa da pulverização da disputa”, admite. A bancada federal eleita do PR garante, isoladamente, 1 minuto e 12 segundos distribuídos nos dois blocos do horário eleitoral e mais 2 minutos e 20 segundos em inserções diárias, o que é muito pouco. Com o mesmo problema, Délio Malheiros articula o plano B, enquanto o plano A – que seria o da reunificação do PSB e do PSDB em torno de seu nome – parece cada vez mais distante. “Trabalho permanentemente para união do PSDB com o PSB, pela continuidade da aliança, agora mais fortalecida com o PSD”, insiste. Com tempo de antena muito próximo ao do PR, Délio Malheiros corre atrás de aliados para impulsionar a sua campanha.
Jogo do tudo ou nada
À exceção da candidatura do tucano João Leite, que além do tempo do PSDB, conta com o apoio do PP e do DEM, partidos que elegeram bancadas de respectivamente 38 e 21 deputados – a busca por coligações tornou-se um jogo do tudo ou nada. O PP e democratas somam um tempo de 1 minuto e 58 segundos nos dois blocos do horário eleitoral e de 4 minutos e 19 segundos em inserções diárias. Entre partidos de pequeno e médio porte sem candidatura própria, há o PTB, o PRB e o PPS, que elegeram respectivamente 25, 21 e 10 deputados federais.
Enquanto PTB e PPS tendem a dividir apoios entre Sargento Rodrigues (PDT) e Délio Malheiros (PSD), o PRB pode caminhar para o socialista Paulo Brant, que também enfrenta o drama de atrair aliados, num contexto em que os antigos parceiros impõem o isolamento ao PSB. “Estamos buscando alianças e estudando os problemas de Belo Horizonte, processos de gestão, lacunas e erros. E estou fazendo muitas discussões nos bairros, em intenso corpo a corpo”, explica Paulo Brant, ainda com alto índice de desconhecimento por parte do eleitorado. “Qualquer partido isoladamente tem pouco tempo. Este é um problema de todos”, considera Brant.
O deputado estadual Sargento Rodrigues (PDT) e o deputado federal Eros Biondini (PROS), que têm respectivamente cerca de 38s e 23s nos dois blocos do horário eleitoral, ensaiam uma aproximação. Mas cada qual gostaria de ver o outro como o seu vice. “Todo mundo quer atrair outros partidos. Biondini e eu encomendamos pesquisas num esforço de convergência no primeiro turno”, diz Sargento Rodrigues. Biondini confirma. Mas preferiria que fosse ele a cabeça da chapa: “A minha candidatura é definitiva. Estou construindo pontes e tenho grande expectativa em relação ao Sargento Rodrigues, com quem temos linha de proposta semelhante e nos completamos. Pode haver uma fusão PROS e PDT”.
Outras fusões estão sendo trabalhadas. O deputado estadual Caixa (PV) não está à vontade para concorrer contra o ex-presidente do Atlético, Alexandre Kalil. “Enfrentar Kalil é difícil para mim como atleticano. Quem sabe uma composição para uma chapa de atleticanos? “, indaga, ele que é considerado também pelo PSD para compor uma chapa com Délio Malheiros. O fato é que o PV, sozinho, tem um tempo pífio. Como de resto, a avalanche de candidatos. Pelo andor da carruagem, o tempo de televisão de candidatos a prefeito de Belo Horizonte será um revival do velho Enéas, que fez história ao martelar o bordão inesquecível. Cômico, se não fosse trágico.