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Estado de Minas

Disputa pela PBH tem 18 pré-candidatos que não conseguem formar coligações

Um dos maiores desafios dos grupos políticos para aumentar o tempo de propaganda na TV é a fragmentação da antiga base


postado em 03/07/2016 06:00 / atualizado em 22/07/2016 14:30

Com a planilha das bancadas federais à mão, os partidos e grupos políticos atravessam uma longa noite de facas longas para formar alianças com legendas capazes de agregar tempo aos candidatos majoritários na eleição à Prefeitura de Belo Horizonte. Dentro de um cenário de afastamento entre o PSB de Marcio Lacerda e o PSDB de Aécio Neves, que se desenha como irreversível, a estratégia de uma disputa pulverizada desejada pelo governador Fernando Pimentel (PT) se consolida. São tantos candidatos quantos são os sonhos impossíveis, mas que a muitos se apresentam como possíveis. Para chegar lá, contudo, indispensáveis são as coligações. Mas só vale a pena selá-las se os partidos tiverem deputados federais em número suficiente para uma arma vital: tempo de propaganda gratuita.


(foto: Arte/EM/D.A Press )
(foto: Arte/EM/D.A Press )
São 18 pré-candidatos. O PMDB divide-se internamente entre os deputados federais Leonardo Quintão e Rodrigo Pacheco. A decisão é esperada para esta semana. Com o primeiro, a ideia sustenta-se num recall de eleição passada, e da lealdade do público evangélico. Com o segundo, aposta-se no “novo”, no perfil de advogado em primeiro mandato que parece ser o “antídoto” para a candidatura “técnica” escolhida pelo socialista Marcio Lacerda: o economista, engenheiro e diretor-presidente da Celulose Nipo-Brasileira (Cenibra) Paulo Brant. Há quem aposte que entre PMDB e PSB correrá a faixa principal da contenda. Contudo, no PSDB, a avaliação é outra. O deputado estadual João Leite, nome experiente confirmado nesta sexta-feira, é a escolha para um cenário eleitoral pulverizado, com boa chance de chegar ao segundo turno, em que se mira num adversário considerado “principal”: o velho aliado socialista das duas eleições passadas.

O cenário é hostil para conformar alianças. Isto porque cada qual ao seu modo enfrenta a fragmentação da antiga base. Do grupo aliado a Marcio Lacerda, saltam, além da candidatura do PSB e de João Leite, a do vice-prefeito Délio Malheiros (PSD), a do Sargento Rodrigues (PDT), a de Eros Biondini (PROS), a de Alexandre Kalil (PHS), a de Luís Tibé (PTdoB) e a de Caixa (PV). Da antiga base da oposição, formada por PMDB, PT e PCdoB, cada qual se lança em voo solo, sendo que, o PT, corre por fora do triângulo PMDB, PSB e PSDB onde a disputa está mais aguda.

Desdenhados por ex-aliados de disputas municipais - socialistas e tucanos em 2008 e peemedebistas em 2012 -, petistas se preparam neste pleito para a refundação. Três nomes concorrem internamente pela indicação– o deputado estadual Rogério Correia, o ex-vice-prefeito Roberto Carvalho e o deputado federal Reginaldo Lopes. Mais provável a ser escolhido, Reginaldo Lopes anuncia uma “ruptura radical” com o atual modelo eleitoral, numa campanha barata, sem recursos de marketing, debates e envolvimento de movimentos sociais. Nesse campo mais à esquerda, são ainda pré-candidatos a deputada federal Jô Moraes do PCdoB e o deputado estadual Paulo Lamac, da Rede. PCdoB e Rede têm mantido próxima interlocução que poderá se consolidar em chapa única.

Filiado no ano passado ao Solidariedade e à frente do partido em BH, o deputado federal Laudívio Carvalho (SD) também se coloca neste momento como candidato. Além destes 13 nomes, também estão prontos para a disputa Vanessa Portugal (PSTU), Maria da Consolação (PSOL), Pepe (PCO) e Tadeu Martins (PPL).

Quem vai com quem, esta é a pergunta crucial da disputa: é uma campanha de apenas 35 dias, sem financiamento de empresas, em que cada segundo de visibilidade no tempo de antena é fundamental. Nesta campanha, candidatos a prefeito terão 42 minutos de inserções diárias e 20 minutos disponíveis do horário eleitoral exibido na televisão e no rádio, distribuídos em dois blocos de segunda a sexta. Noventa por cento deste tempo é distribuído segundo o tamanho das bancadas federais eleitas em 2014. “Estamos pensando em atrair partidos como o PSD, o PV, o PR. São legendas mais leves e têm algum tempo de televisão”, afirma Rodrigo Pacheco. “Depois de resolvermos a questão interna, queremos o PR, o PSD, o PP. Conversamos também com o PSDB e com o PT”, diz Leonardo Quintão, garantindo não haver “feridas” decorrentes do processo de impeachament de Dilma Rousseff. Mas Reginaldo Lopes rebate: “Não fazemos aliança com pessoas que dão golpe na democracia. No segundo turno podemos até aceitar apoio, mas aliança não. A nossa será uma campanha que privilegia a participação popular”.

Entre desejar e ter, vai uma distância. O PMDB de Rodrigo Pacheco tem mais chance de atrair o bloco de pequenos partidos, formado pelo PTN, PSC e PSDC, sob o comando do presidente da Câmara Municipal, Wellington Magalhães (PTN). “Nosso bloco caminhará junto”, afirma Magalhães. “Se no PMDB for confirmado, o Rodrigo Pacheco será um dos primeiros com quem conversaremos”, assinala. As três bancadas saíram das urnas em 2014 com 19 parlamentares, que representam, juntos 40 segundos nos blocos do horário eleitoral de segunda a sexta e 1 minuto e 23 segundos de inserções diárias.

Embora o PR e o PSD estejam na mira do PMDB, nenhum dos dois abre mão da candidatura própria. “Vou concorrer”, anuncia o deputado federal Marcelo Álvaro Antônio. “E não está fácil fazer aliança por causa da pulverização da disputa”, admite. A bancada federal eleita do PR garante, isoladamente, 1 minuto e 12 segundos distribuídos nos dois blocos do horário eleitoral e mais 2 minutos e 20 segundos em inserções diárias, o que é muito pouco. Com o mesmo problema, Délio Malheiros articula o plano B, enquanto o plano A – que seria o da reunificação do PSB e do PSDB em torno de seu nome – parece cada vez mais distante. “Trabalho permanentemente para união do PSDB com o PSB, pela continuidade da aliança, agora mais fortalecida com o PSD”, insiste. Com tempo de antena muito próximo ao do PR, Délio Malheiros corre atrás de aliados para impulsionar a sua campanha.

 

Jogo do tudo ou nada

 

À exceção da candidatura do tucano João Leite, que além do tempo do PSDB, conta com o apoio do PP e do DEM, partidos que elegeram bancadas de respectivamente 38 e 21 deputados – a busca por coligações tornou-se um jogo do tudo ou nada. O PP e democratas somam um tempo de 1 minuto e 58 segundos nos dois blocos do horário eleitoral e de 4 minutos e 19 segundos em inserções diárias. Entre partidos de pequeno e médio porte sem candidatura própria, há o PTB, o PRB e o PPS, que elegeram respectivamente 25, 21 e 10 deputados federais.

Enquanto PTB e PPS tendem a dividir apoios entre Sargento Rodrigues (PDT) e Délio Malheiros (PSD), o PRB pode caminhar para o socialista Paulo Brant, que também enfrenta o drama de atrair aliados, num contexto em que os antigos parceiros impõem o isolamento ao PSB. “Estamos buscando alianças e estudando os problemas de Belo Horizonte, processos de gestão, lacunas e erros. E estou fazendo muitas discussões nos bairros, em intenso corpo a corpo”, explica Paulo Brant, ainda com alto índice de desconhecimento por parte do eleitorado. “Qualquer partido isoladamente tem pouco tempo. Este é um problema de todos”, considera Brant.

O deputado estadual Sargento Rodrigues (PDT) e o deputado federal Eros Biondini (PROS), que têm respectivamente cerca de 38s e 23s nos dois blocos do horário eleitoral, ensaiam uma aproximação. Mas cada qual gostaria de ver o outro como o seu vice. “Todo mundo quer atrair outros partidos. Biondini e eu encomendamos pesquisas num esforço de convergência no primeiro turno”, diz Sargento Rodrigues. Biondini confirma. Mas preferiria que fosse ele a cabeça da chapa: “A minha candidatura é definitiva. Estou construindo pontes e tenho grande expectativa em relação ao Sargento Rodrigues, com quem temos linha de proposta semelhante e nos completamos. Pode haver uma fusão PROS e PDT”.

Outras fusões estão sendo trabalhadas. O deputado estadual Caixa (PV) não está à vontade para concorrer contra o ex-presidente do Atlético, Alexandre Kalil. “Enfrentar Kalil é difícil para mim como atleticano. Quem sabe uma composição para uma chapa de atleticanos? “, indaga, ele que é considerado também pelo PSD para compor uma chapa com Délio Malheiros. O fato é que o PV, sozinho, tem um tempo pífio. Como de resto, a avalanche de candidatos. Pelo andor da carruagem, o tempo de televisão de candidatos a prefeito de Belo Horizonte será um revival do velho Enéas, que fez história ao martelar o bordão inesquecível. Cômico, se não fosse trágico.


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