Essa prática é foco da Lei de Responsabilidade das Estatais, sancionada pelo presidente em exercício, Michel Temer. A lei restringe a ocupação de diretorias e conselhos de administração de estatais por políticos e sindicalistas. Ex-dirigentes partidários, por exemplo, só poderão ser nomeados se estiverem afastados da estrutura do partido ou campanhas eleitorais por um período mínimo de três anos.
Esse critério impediria, por exemplo, a nomeação do atual presidente dos Correios, Guilherme Campos, que assumiu antes da sanção da lei. Ele presidia o PSD, de Gilberto Kassab, que se licenciou do comando do partido ao assumir o Ministério das Cidades, no governo da presidente Dilma Rousseff.
Campos ganha por mês R$ 46,7 mil, o maior salário da companhia. A remuneração mensal de cada um dos vices é de R$ 40,6 mil. Esses cargos ainda são ocupados, em sua maioria, por indicados do PDT, partido do ex-presidente dos Correios Giovanni Queiroz, médico e fazendeiro. Ele entrou no lugar do petista Wagner Pinheiro, que comandou a estatal de 2011 a 2015.
Na atual direção, remanescente das escolhas de Queiroz, dois advogados, também indicados pelo PDT, comandam as áreas de encomendas e negócio postal.
Finanças
Mesmo com o monopólio da entrega de cartas pessoais e comerciais, cartões-postais e malotes, a Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (ECT) fechou no vermelho nos três últimos anos, sendo que em 2015 o prejuízo recorde foi de R$ 2,1 bilhões. A estatal ainda opera no vermelho - R$ 900 milhões nos cinco primeiros meses de 2016 - e precisará de um empréstimo do Banco do Brasil para pagar salários e fornecedores. Segundo Guilherme Campos, a empresa precisa de uma capitalização de R$ 6 bilhões do Tesouro Nacional.
A diretoria executiva tem direito a 16 assessores especiais que recebem, cada um, R$ 23 mil. Esses cargos foram considerados inconstitucionais pela Justiça do Trabalho. Os Correios firmaram um Termo de Conciliação Judicial (TCJ) com o Ministério Público do Trabalho da 10ª Região para acabar com essas funções até fevereiro de 2018. Mesmo assim, o atual presidente disse que batalhará para manter esses cargos. O custo estimado com esses assessores especiais é de R$ 500 milhões por ano.
A reportagem teve acesso ao currículo de uma das indicadas pelo PDT a esse cargo. Ela tem como única experiência profissional o trabalho de mais de 30 anos como assessora de parlamentares na Câmara.
Os Correios responderam, em nota, que não há aparelhamento político-partidário na estatal. Segundo a empresa, o atual estatuto exige "reputação ilibada" e formação em nível superior para a nomeação de membros da diretoria da empresa, critérios que são atendidos pela atual cúpula. A estatal afirmou que passou a adotar ferramentas de gestão que aumentaram a transparência e o controle.
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