O país asiático foi escolhido como samba-enredo para o desfile de 2010, e a viagem teria ocorrido para que a comitiva pudesse conhecer a cultura chinesa.
A escola gaúcha teria recebido dinheiro desviado das obras do Centro de Pesquisas da Petrobras (Cenpes), no Rio.
Dias admitiu que há uma "relação política" com Ferreira, mas disse desconhecer as origens dos recursos doados.
"Não sei de dinheiro nenhum que tenha vindo da Petrobras.
A investigação da Operação Abismo, 31ª fase da Lava Jato, identificou quatro pagamentos no total de R$ 45 mil à escola de samba, divididos em um cheque de R$ 20 mil compensado em 15 de janeiro de 2010, três cheques de R$ 5 mil cada compensados em 27 de janeiro de 2010 e mais dois cheques de R$ 5 mil compensados em 9 de fevereiro de 2010.
De acordo com o presidente da Escola, foi Paulo Ferreira quem intermediou a ida à embaixada da China e, depois, a visita ao país, possivelmente através de recursos captados com ministérios.
O ex-tesoureiro do PT também possibilitou a ida de integrantes da Estado Maior da Restinga para os jogos Parapan-Americanos de 2007, no Rio, onde se apresentaram com a escola Grande Rio.
"Eu não sei precisar valores que recebemos das doações. Fiquei muito surpreso com essas notícias de hoje e também muito triste", destacou Robson Dias.
Sobre a informação de que a escola de samba pedia votos a Ferreira, o presidente da agremiação se limitou a repetir que havia "uma relação política" com o ex-tesoureiro do PT.
No pedido de prisão de Paulo Ferreira, acolhido pelo juiz federal Sérgio Moro, os procuradores da Lava Jato afirmam: "Há transferências para a empresa SRB Estado Maior da Restinga, que está identificada nos extratos como 'ONG POA Restinga PF'; que esta ONG é ligada a Paulo Ferreira, pois se trata de uma organização carnavalesca, que ajudava Paulo Ferreira na campanha, pedindo votos para ele". Paulo Ferreira já está preso desde o fim de junho, alvo da Operação Custo Brasil, que pegou o ex-ministro Paulo Bernardo Planejamento/Governo Lula e Comunicações/Governo Dilma).
As investigações também apontam que Paulo Ferreira fez 18 transferências para Viviane Rodrigues da Silva, madrinha de bateria da escola de Porto Alegre, totalizando R$ 61,7 mil. Robson Dias disse que não sabe de doações realizadas para membros da agremiação. A reportagem entrou em contato com Viviane, mas ela não atendeu o celular..