Os dois são irmãos de João Paulo Capobianco, que foi coordenador da campanha de Marina Silva à Presidência, pelo PV, e um dos principais apoiadores de sua campanha em 2014. João Paulo, no entanto, não participa comercialmente dos negócios da família.
A Lava Jato identificou o repasse de pelo menos R$ 2 milhões da Construcap para a empresa Legend Engenheiros Associados, que fazia parte da lavanderia de dinheiro do lobista Adir Assad - preso na Operação Saqueador, como operador de propinas da Delta Engenharia.
Documentos apreendidos na Operação Saqueador foram compartilhados com a Lava Jato e serviram de base para as buscas e prisões da Abismo. Entre eles, estão as notas da Legend, do operador Adir Assad, para a Construcap.
"A existência de transações da Construcap, Schahin e OAS com as empresas do operador Adir Assad é corroborada ainda pelos documentos apreendidos na Operação Saqueador, encaminhado a esta força-tarefa ministerial após autorização judicial. Mais especificamente, identificam-se notas fiscais da Legenda para OAS e Construcap", sustenta a Procuradoria.
Os delatores da Carioca Engenharia, outra integrante do Consórcio Novo Cenpes, Ricardo Pernambuco Júnior e Luiz Fernando dos Santos Reis apontaram Roberto Capobianco como representante da Construcap "nas reuniões realizadas para indevido loteamento de obras da Petrobras que resultou no direcionamento da obra do Cenpes".
O delator Alexandre Romano, ex-vereador do PT, afirmou que o ex-tesoureiro do PT Paulo Ferreira indicou uma empresa, Ferreira Guedes, que seria ligada à Construcap, para operação de pagamentos de propinas.
Outros indícios
A Construcap e seus executivos foram citados em outras ocasiões da Lava Jato. O doleiro Alberto Youssef, peça central das investigações citou que Roberto Capobianco foi o representante do grupo "na negociação de propina destinada a José Janene por obra realizada pela empresa no Estado da Bahia no ano de 2005 ou 2006". "Revelou o colaborador, foi o próprio Roberto quem entregou a primeira parcela da propina, no montante de R$ 400 mil", registra o MPF.
Outro preso da Construcap, Eduardo Capobianco, foi apontado pelo ex-gerente de Engenharia da Petrobras Pedro Barusco como principal contato do operador de propinas Mário Góes, também delator, "para assuntos relacionados ao pagamento da propina negociada com referido consórcio".
"Soma-se a isso o fato de que o mesmo Eduardo foi apontado pelo colaborador Augusto Mendonça (dono do Grupo Setal) como representante da Construcap nas reuniões do cartel", informa a força-tarefa da Lava Jato. "Tais elementos, somados à observação de que Roberto Capobianco e Eduardo Capobianco ocupam cargos de diretoria na Construcap, indicam que exerciam o domínio dos fatos criminosos praticados em favor da empresa, com sistemática atuação em fraudes à licitação com corrupção ativa de funcionários públicos e lavagem de ativos, integrando a organização criminosa que se instalou no âmbito da Petrobras."
Procurada, a Construcap informou que não irá se pronunciar no momento..