O presidente do conselho administrativo da Minas Arena, consórcio que administra o Estádio do Mineirão, está entre os presos da 31ª fase da Operação Lava-Jato, deflagrada nesta segunda-feira pela Polícia Federal e Ministério Público Federal. Roberto Ribeiro Capobianco também é presidente da Construcap, construtora acusada de participar das fraudes investigadas, foi detido nesta manhã em São Paulo.
As prisões e os mandados de busca e apreensão desta segunda-feira da Operação Abismo, como foi denominada, não tem ligação direta com a Minas Arena.
Além de Capobianco, foram presos temporariamente Edson Freire Coutinho, ex-executivo da Schahin Engenharia. A PF busca Erasto Messias da Silva Jr., diretor-geral da construtora Ferreira Guedes, e Genesio Schiavinatto Jr, diretor comercial da Construbase.
Procurada, a assessoria da Minas Arena não comentou o assunto e direcionou a demanda para a assessoria da Construcap. Porém, a construtora preferiu não comentar o assunto por enquanto.
São investigados os crimes de corrupção, lavagem de dinheiro e fraude em licitação, no que configurou, segundo a PF, um esquema que impôs prejuízos sistemáticos à Petrobras, através inclusive da realização de pagamentos indevidos a funcionários da companhia e repasses de dinheiro a partido político em decorrência de negócios fechados com outras empresas.
Criado há mais de 40 anos, o Cenpes foi recentemente ampliado e modernizado para atender às demandas de exploração do pré-sal. A reforma do local já havia aparecido em delações premiadas anteriores como fonte de desvios de recursos públicos para partidos.
De acordo com o Ministério Público Federal do Paraná (MPF-PR), algumas empresas integrantes do Consórcio Novo Cenpes – formado pelas empreiteiras OAS, Carioca Engenharia, Construbase Engenharia, Schahin Engenharia e Construcap CCPS Engenharia – participaram de um grande cartel para fixar preços e fraudar a licitação da reforma do centro de pesquisa da Petrobras.
Após acordo de leniência feito pela Carioca Engenharia e delações premiadas de seus principais executivos, a força-tarefa da Lava-Jato colheu indícios de pagamento de R$ 18 milhões para que a empresa WTorre Engenharia, que havia apresentado melhor preço, desistisse do certame, beneficiando o Consórcio Novo Cenpes, que assinou contrato de quase R$ 850 milhões com a Petrobras e passou a fraudar notas fiscais para desviar recursos da estatal.
As irregularidades ocorreram entre 2007 e 2012 no âmbito da diretoria de serviços da Petrobras, então ocupada por Renato Duque, que se encontra preso preventivamente devido a outras denúncias da Lava-Jato.
Fraudes na Minas Arena
No caso da Minas Arena o consórcio foi acusado de maquiar e fraudar dados contábeis para se apropriar de receitas repassadas aos clubes que usam o estádio do Mineirão. A denúncia foi feita pelo deputado Iran Barbosa (PMDB) que afirma que a empresa se apropriou indevidamente de cerca de R$ 94 milhões. Esse seria o valor do lucro líquido que a empresa obteve, mas que foi declarado como “reserva de subvenção”, que são recursos transferidos pelo governo para contratos desse tipo para serem usados em obras no estádio.
Nesse montante também estão incluídos cerca de R$ 49 milhões que a concessionária deveria ter repassado para os clubes - a maior parte desse volume para o Cruzeiro, que tem contato de exclusividade com a Minas Arena – e que teriam sido desviados por meio de fraudes como declaração de renda de jogos menores do que a obtida de fato.
Na época, a Minas Arena considerou absurdas e negou as acusações.
Com agências