Câmara segue paralisada com recuos constantes de Waldir Maranhão

Em mais um recuo, presidente interino da Câmara cancelou ontem sessão de esforço concentrado que havia marcado para votar matérias consideradas prioritárias pelo governo federal

Júlia Chaib
Em nota, o presidente interino da Câmara, Waldir Maranhão, comunicou aos parlamentares que remarcou a sessão porque temia não ter quórum - Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil - 8/6/16

Em mais um recuo desde que assumiu a presidência interina da Câmara dos Deputados, o deputado Waldir Maranhão (PP-MA) cancelou a primeira sessão da Casa que faria ontem para votar matérias como parte de um esforço concentrado que havia anunciado para esta semana. É a segunda semana seguida sem votações na Casa. A última foi no dia 21. A medida revoltou a base do governo do presidente em exercício, Michel Temer. Com a previsão do recesso branco, marcado para começar em 13 de julho e durar duas semanas, parlamentares temem que os projetos importantes para o governo se arrastem ainda mais. Deputados da base passaram a defender que a suspensão da pausa na Casa.

Enquanto as votações não andam, o processo de cassação do mandato do deputado afastado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) também é prolongado na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), e a matéria corre o risco de chegar ao plenário somente em agosto, se houver o recesso. Na última semana, Maranhão cancelou as votações da Casa para liberar parlamentares a irem para seus estados por causa das festividades juninas e de São Pedro, no último dia 29. Por isso, anunciou, na semana passada, que faria um esforço concentrado a partir do dia 4.
“Como seria necessária a presença de 257 parlamentares para deliberar sobre matérias que tramitam na Câmara, e para evitar o desgaste de abrir e encerrar uma sessão sem votações, o presidente decidiu remarcar a sessão para terça-feira, às 14 horas”, disse Maranhão, em nota.

“É péssimo”


Após se encontrar com o pepista, o líder do governo, André Moura (PSC-SE), criticou o argumento de que não havia quórum para seguir com as votações. Maranhão começou o dia chamando uma reunião de líderes que deveria ocorrer ontem e teve que remarcar para hoje o encontro. O presidente havia prometido realizar sessões de segunda a quinta-feira, para votar as medidas de interesse do governo. Nesta semana, porém, só deve ocorrer sessão hoje à noite, amanhã e na quinta-feira. “Todo mundo sabe que, às segundas, começa a dar quórum a partir das 18h. Ele poderia ter esperado”, disse. “Isso é um boicote não só ao Temer, mas ao país”, afirmou Moura..