Em mais um recuo desde que assumiu a presidência interina da Câmara dos Deputados, o deputado Waldir Maranhão (PP-MA) cancelou a primeira sessão da Casa que faria ontem para votar matérias como parte de um esforço concentrado que havia anunciado para esta semana. É a segunda semana seguida sem votações na Casa. A última foi no dia 21. A medida revoltou a base do governo do presidente em exercício, Michel Temer. Com a previsão do recesso branco, marcado para começar em 13 de julho e durar duas semanas, parlamentares temem que os projetos importantes para o governo se arrastem ainda mais. Deputados da base passaram a defender que a suspensão da pausa na Casa.
Enquanto as votações não andam, o processo de cassação do mandato do deputado afastado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) também é prolongado na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), e a matéria corre o risco de chegar ao plenário somente em agosto, se houver o recesso. Na última semana, Maranhão cancelou as votações da Casa para liberar parlamentares a irem para seus estados por causa das festividades juninas e de São Pedro, no último dia 29. Por isso, anunciou, na semana passada, que faria um esforço concentrado a partir do dia 4. “Como seria necessária a presença de 257 parlamentares para deliberar sobre matérias que tramitam na Câmara, e para evitar o desgaste de abrir e encerrar uma sessão sem votações, o presidente decidiu remarcar a sessão para terça-feira, às 14 horas”, disse Maranhão, em nota.
“É péssimo”
Após se encontrar com o pepista, o líder do governo, André Moura (PSC-SE), criticou o argumento de que não havia quórum para seguir com as votações. Maranhão começou o dia chamando uma reunião de líderes que deveria ocorrer ontem e teve que remarcar para hoje o encontro. O presidente havia prometido realizar sessões de segunda a quinta-feira, para votar as medidas de interesse do governo. Nesta semana, porém, só deve ocorrer sessão hoje à noite, amanhã e na quinta-feira. “Todo mundo sabe que, às segundas, começa a dar quórum a partir das 18h. Ele poderia ter esperado”, disse. “Isso é um boicote não só ao Temer, mas ao país”, afirmou Moura.