Entenda por que os últimos três tesoureiros do PT estão na mira da Justiça

Responsáveis pelo caixa do partido nos últimos anos, alvos de operações de combate à corrupção, têm tido o mesmo destino: cadeia. Vaccari e Delúblio não falaram. Ferreira ainda é dúvida

Paulo de Tarso Lyra Eduardo Militão
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A 31ª fase da Operação Lava-Jato, batizada de “Abismo” tem como alvo principal o ex-tesoureiro do partido Paulo Ferreira — mais um na lista de tesoureiros petistas enrolados com a Justiça. Contra ele, foi emitido um mandato de prisão preventiva e outro de busca e apreensão. Mas ele já está detido por conta da Operação Custo Brasil, que investiga fraudes em empréstimos consignados elaborados pela empresa Consist, em parceria com o Ministério do Planejamento. O juiz Sérgio Moro determinou o bloqueio de R$ 5 milhões do ex-tesoureiro do PT.

A operação foi deflagrada ontem pela Polícia Federal para investigar contratos da Petrobras com o centro de pesquisas (Cenpes) que geraram novos repasses de recursos ao PT. A nova ação derruba qualquer esperança, inclusive no PT, de que Ferreira pudesse conseguir um habeas corpus para deixar a cadeia. Na semana passada, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Antônio Dias Toffoli mandou soltar o ex-ministro do Planejamento Paulo Bernardo e o empresário Dercio Guedes de Souza. A alegação era de que os motivos alegados para as prisões preventivas eram frágeis. Por isso, havia a expectativa de que Ferreira também fosse libertado.

As coisas mudam agora de figura.
Com outro mandado de prisão emitido contra ele, em uma outra fase da Operação Lava-Jato, fica muito difícil para a defesa conseguir que o ex-tesoureiro do PT responda em liberdade às acusações que pesam contra ele. Além disso, existe um outro temor entre os correligionários de Ferreira: que ele não seja tão resiliente como outros petistas que exerceram a mesma função e acabe por ceder à pressão para negociar uma delação premiada. Ferreira tem dado sinais explícitos, nos últimos dias, de que está magoado com o partido, sentindo-se abandonado por seus pares.

A situação é diferente, pelo menos por enquanto, em relação aos demais tesoureiros do PT que respondem à Justiça. João Vaccari Neto tem se mantido calado, impassível, apesar de duas condenações, até o momento, que somam quase 30 anos de detenção. O antecessor de Ferreira no posto, Delúbio Soares, já cumpriu, inclusive, pena de prisão após ser condenado no esquema do mensalão. Ambos ficaram calados e se recusaram a entregar possíveis operações escusas praticadas pela legenda. O que chama a atenção é que o novo mandado de prisão contra Paulo Ferreira reforça o modus operandi de captação irregular de recursos, com base em contratos fraudulentos e cobranças de propinas, praticados pelos tesoureiros do PT desde que a legenda chegou ao poder.

O primeiro


O primeiro deles foi Delúbio Soares, que comandava as finanças do partido quando estourou o escândalo do mensalão. Ele seria, segundo a acusação apreciada pelo STF, o elo entre o “núcleo político” e o “núcleo operacional”, formado pelo publicitário Marcos Valério, pelo Banco Rural e BMG. Delúbio foi condenado mas acabou tendo sua pena extinta pelo STF. Voltou ao foco na Operação batizada de Carbono 14, que investiga um empréstimo fraudulento de R$ 12 milhões obtido por José Carlos Bumlai no banco Schahin, em 2004. Vaccari é réu pelos crimes de organização criminosa, corrupção passiva e lavagem de dinheiro. Tem penas que totalizam 26 anos e 4 meses de cadeia e ainda está para ser julgado em outras três ações criminais da Lava-Jato.

Embora não tenha sido tesoureiro do PT, mas da campanha presidencial de 2014, o ex-ministro da Secretaria de Comunicação Edinho Silva também é investigado pela Lava-Jato. Candidato a prefeito de Araraquara pelo PT, ele quer, inclusive, antecipar a própria defesa à Justiça.
Ele é acusado de pressionar empreiteiras a contribuir com a campanha da petista em troca da manutenção de contratos com a Petrobras..