O presidente interino da Câmara dos Deputados, Waldir Maranhão (PP-MA), decidiu passar por cima da decisão do colégio de líderes e manteve a sessão de eleição do novo presidente da Casa para quinta-feira, 14, às 16h. "De acordo com o regimento e a Constituição, a presidência tem a prerrogativa de assim o fazer e faremos", explicou.
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'Não seremos o partido da discórdia', diz Aécio sobre sucessão de CunhaDilma vê renúncia de Cunha como 'jogada' para salvar mandatoMaranhão apresentará a líderes cronograma para eleição de presidente da CâmaraO pepista disse que haverá parlamentares suficientes para o pleito neste dia porque "os deputados querem participar da eleição". "Tentam levar a sessão para quinta-feira para que ela não aconteça", acusou o vice-líder do PMDB, Carlos Marun (MS).
As decisões de Maranhão e do colégio de líderes foram publicadas hoje no Diário da Câmara. Maranhão, no entanto, diz que o que vale é a sua determinação. Ele não explicou se a decisão do colégio de líderes será revogada formalmente ou simplesmente ignorada.
Marun acredita que há em curso uma manobra para que a eleição só aconteça depois do recesso parlamentar e assim prejudicar o governo Michel Temer. Ele aposta que a posição de Maranhão tem a influência do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que se reuniu recentemente com o pepista. "É uma atitude nefasta e covarde", afirmou.
Impasse
A data da eleição abriu um conflito de interpretações do regimento e causou um bate-boca entre deputados no gabinete da presidência da Câmara nesta manhã.
Já os parlamentares que preferem a eleição para o fim da próxima semana dizem que o colégio de líderes só poderia convocar a sessão se houvesse omissão do presidente em chamar a eleição.
Maranhão convocou a eleição dentro do prazo regimental de cinco sessões, mas é criticado por não ter consultado os líderes antes. "Ninguém imagina que não terá quórum na quinta-feira", rebateu o líder da Rede, Alessandro Molon (RJ).
O líder do PSD, Rogério Rosso (DF), vai propor uma reunião na segunda-feira, 11, para que os demais líderes busquem uma solução para o impasse e consigam encontrar uma saída para antecipar a eleição, nem que seja para quarta-feira, 13. Rosso não descartou a possibilidade de judicializar a discussão e disse temer as idas e vindas de Maranhão. "Tem alguma coisa estranha em ter eleição na quinta-feira", comentou.
Registros
Até o início da tarde desta sexta-feira, quatro parlamentares já haviam registrado suas candidaturas à presidência da Câmara na Secretaria-geral da Mesa. Os nomes estão divididos entre adversários e aliados do ex-presidente Eduardo Cunha (PMDB-RJ). São eles: Fausto Pinato (PP-SP), Marcelo Castro (PMDB-PI), Carlos Henrique Gaguim (PTN-TO) e Carlos Manato (SD-ES).
Como as candidaturas podem ser realizadas até o dia da votação, outros candidatos devem ser inscritos até a semana que vem.
Candidato pelo PTN, Gaguim é um dos aliados do ex-presidente da Casa. Há dois dias, ele chegou a renunciar à vaga de membro titular da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) para não ter que votar contra o peemedebista. Conforme orientação do PTN, o membro do partido na CCJ deverá votar a favor da cassação de Cunha.
Desafeto de Cunha, Fausto Pinato foi o primeiro relator do processo de cassação do ex-presidente da Câmara no Conselho de Ética. No colegiado, ele recomendou a continuidade do processo contra o peemedebista. Mas a função não durou muito, já que uma manobra de Cunha fez com que Pinato fosse destituído da relatoria no colegiado. Em abril, ele renunciou ao posto no Conselho, dando lugar a Tia Eron (PRB-BA), que, depois de muito mistério, também se posicionou contra Cunha.
Entre os adversários de Cunha na disputa também está o ex-ministro da Saúde do governo Dilma Rousseff, Marcelo Castro.
Corregedor da Câmara dos Deputados, Carlos Manato foi quem recebeu, em outubro do ano passado, a representação de partidos da Casa contra Cunha. O parlamentar é da bancada do Solidariedade, liderada por Paulinho da Força (SP), um dos maiores aliados de Cunha.
Outro aliado de Cunha, Beto Mansur (PRB-SP), reforçou hoje que também será candidato. "Conversei com a família e aceitaram que eu seja. Vou colocar meu nome", disse. Ontem, ele afirmou que Cunha foi um bom presidente da Câmara, apesar de problemas pessoais que precisam ser resolvidos na Justiça..