A votação do recurso do ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha (PMDB-RJ) contra sua cassação – o último antes de uma decisão do plenário –, começa hoje na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) e, se depender da tropa de choque do peemedebista, pode se estender ao longo da semana. Com quase 30 parlamentares já inscritos para falar, a previsão de parlamentares é de que não haja tempo suficiente para os 66 membros do grupo decidirem no mesmo dia sobre o pedido de anulação da votação no Conselho de Ética que recomendou a cassação de Cunha.
No relatório apresentado, o deputado Ronaldo Fonseca (PROS-DF) acatou somente um dos 17 pedidos da defesa e recomendou a anulação da votação no conselho por ela ter sido feita por chamada dos parlamentares e não no painel eletrônico. Ele disse não estar preocupado com o resultado da votação, mas que, regimentalmente, se os colegas quiserem que o processo de cassação de Eduardo Cunha se dê com lisura, é preciso anular a votação. “Todas as votações do caso Eduardo Cunha no conselho foram pelo painel eletrônico, isso quer dizer que era legal. Aí, de repente, na última, inovam. Por quê? Para poder constranger os deputados”, afirma.
A reunião está marcada para começar às 14h30 de hoje. Os advogados de Cunha terão até duas horas e 19 minutos para falar. Antes disso, o relator Ronaldo Fonseca deve ler a complementação do seu voto, negando o aditamento pedido por Eduardo Cunha. Nele, o peemedebista pedia o fim do processo por causa de sua renúncia à presidência da Câmara. Cada um dos cerca de 30 inscritos para falar terá 15 minutos. O presidente da CCJ, deputado Osmar Serraglio (PMDB-PR), dará 20 minutos para Eduardo Cunha.
“A defesa vai ter o mesmo tempo que o relator para se pronunciar e haverá discussões. Com isso tem chance de o processo se alongar durante a semana”, afirmou o vice-presidente da CCJ, deputado Rodrigo Pacheco (PMDB-MG). O grupo ainda tem reuniões na quarta e quinta-feira. Colega de partido de Cunha, Pacheco não arriscou um palpite sobre o resultado da votação e disse que nem ele próprio decidiu o voto. “É muita juridicidade, estou pesquisando para ter uma decisão mais balizada. Não consigo dizer qual o sentimento geral, até porque estão falando mais da questão da presidência (da Câmara)”, afirmou.
Já o deputado Chico Alencar (PSOL-RJ) acredita que a decisão será pela continuidade da cassação de Eduardo Cunha, ainda que por um placar apertado, de uns cinco ou seis votos de diferença. “Há um sentimento de que o Cunha está sendo velado politicamente, mas isso não significa que ele não tenha influência. Acho que esse recurso de refazer a votação não passa, mas vamos ver só na hora”, diz. Chico Alencar disse que irá trabalhar para que a votação seja concluída hoje mesmo.